A reclamação de uma aluna de 9 anos sobre a falta de carne na merenda escolar em Juazeiro do Norte viralizou e chegou à gestão municipal. No vídeo, que ainda circula nas redes, a estudante relata que “ninguém aguenta mais comer soja”. Em resposta, o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) afirmou se tratar de uma falha pontual e compartilhou, nesta quarta-feira, elogios de alunos e professores sobre a qualidade da alimentação nas unidades de ensino do município. Mas afinal, o que deve e o que não pode ter na merenda conforme o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)?
Um manual do Pnae, publicado em 2022, estabelece que a alimentação das escolas atenda a exigências nutricionais e promova o desenvolvimento saudável dos estudantes, com qualidade e quantidade específica para cada faixa etária. A legislação brasileira permite a disponibilização de refeições vegetarianas nas escolas, mas ressalva que o fornecimento destes alimentos para todos os alunos deve seguir alguns critérios.
Alimentos vegetarianos, como a soja, podem substituir proteínas animais, mas somente uma vez por semana. Isso por conta da exigência legal de incluir fontes de ferro heme — presentes em alimentos de origem animal — pelo menos em quatro dias de aula.
Também são exigidas outras obrigatoriedades, como a quantidade mínima semanal de 280g de frutas e hortaliças por aluno, que visa garantir o fornecimento de vitaminas, minerais e fibras, fundamentais para o crescimento e o bom funcionamento do organismo.
Além disso, apenas 20% dos recursos financeiros destinados à alimentação podem ser destinados a alimentos industrializados. Já os doces são limitados a uma porção mensal com até 110 kcal. Também é proibida a utilização de gordura trans industrializada em qualquer preparação oferecida nas escolas.
O vídeo da aluna Maria de Fátima Pinheiro Melo, que pediu “pelo menos uma carninha” nas refeições escolares viralizou nesta segunda-feira. Após o apelo, o prefeito informou que houve uma falha no fornecimento: dos 17 mil quilos de carne solicitados, apenas mil foram entregues no primeiro momento. Um lote posterior com oito mil quilos também não foi suficiente para atender aos 34 mil estudantes da rede.
Em resposta a garota, o prefeito realizou uma live no local onde os alimentos são armazenados e mostrou diversos itens disponíveis, como arroz, feijão, cuscuz, leite, bolachas, temperos e a soja. Glêdson também exibiu a câmara fria com carnes estocadas, destacando o volume de mantimentos ao comparar a altura das pilhas de caixas com seus 1,90m de altura.
O prefeito ainda compartilhou, nesta quarta-feira, em seu perfil oficial no Instagram, diversas publicações de alunos, pais, professores e funcionários de escolas da rede municipal que elogiavam a qualidade da alimentação oferecida nas escolas e creches do município.
Em uma das publicações, uma funcionária aparecia montando o prato dos alunos enquanto descrevia o cardápio “Farofa de cuscuz, feijão preto, carne, arroz, tomatezinho e uma mandioquinha”, brincou. Em outra, uma aluna parabenizava o prefeito pela variedade de opções: “A comida é muito boa e, a cada dia, tem um cardápio diferente”, disse.
Entretanto, nos comentários da live, alguns internautas questionaram a veracidade das informações. “Rapaz, não gosto de desmentir ninguém, mas exageraram na maquiagem. Mostraram até azeite”, comentou um deles. Outra internauta também se demonstrou surpresa: “Acho meio estranho, pois na escola do meu filho só tem cuscuz com leite”, relatou.