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Redação do Site Inovação Tecnológica – 05/06/2025
Impressão artística do exoplaneta TOI-6894b, um planeta gigante em torno de uma estrela minúscula.
[Imagem: Gerado por IA]
Planeta maior do que a estrela
As teorias sobre a formação planetária nos dizem que, após a formação de uma estrela, o material que resta continua circundando ao seu redor, formando o chamado disco protoplanetário, onde eventualmente serão formados os planetas que orbitarão aquela estrela.
Desta forma, os modelos de formação planetária nos mostram que, ao redor de estrelas pequenas serão formados tipicamente planetas menores, simplesmente porque os reservatórios de gás e poeira a partir dos quais os planetas se formam não possuem material necessário para dar origem a núcleos massivos ou agregar camadas espessas de gás, para formar gigantes gasosos.
Mas o Universo reserva muitas surpresas às nossas teorias, e a surpresa agora se chama TOI-6894b, um planeta gigante gasoso enorme, orbitando sua estrela minúscula, a TOI-6894, uma anã vermelha com apenas cerca de 20% da massa do Sol.
Este sistema inesperado foi identificado em dados do telescópio TESS (Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito), e então confirmado por uma extensa campanha de observação terrestre, envolvendo vários telescópios, incluindo o SPECULOOS e o TRAPPIST.
“O sinal de trânsito foi inequívoco em nossos dados. Nossa análise descartou todas as explicações alternativas – o único cenário viável era que esta pequena estrela abrigasse um planeta do tamanho de Saturno, com um período orbital de pouco mais de três dias. Observações adicionais confirmaram que sua massa é cerca de metade da de Saturno. Trata-se claramente de um planeta gigante,” descreveu o professor Khalid Barkaoui, membro da equipe.
Desafio à teoria dominante
A teoria mais amplamente aceita sobre a formação de planetas é chamada de teoria da acreção nuclear. Um núcleo planetário se forma inicialmente por acreção (acúmulo gradual de material) e, à medida que se torna mais massivo, acaba atraindo gases que formam uma atmosfera. Em seguida, ele se torna massivo o suficiente para entrar em um processo de acreção gasosa descontrolada e se tornar um gigante gasoso.
Mas o disco ao redor de uma estrela pequena, a matéria-prima que restou de sua própria formação para a formação dos planetas, é muito pequeno para permitir a formação de um núcleo suficientemente massivo e a ocorrência do processo de descontrole.
No entanto, a existência de TOI-6894b, um planeta gigante orbitando uma estrela de massa extremamente baixa, indica que esse modelo não parece ser completamente preciso e que teorias alternativas são necessárias.
“É uma descoberta intrigante. Não entendemos realmente como uma estrela com tão pouca massa pode formar um planeta tão massivo! Este é um dos objetivos da busca por mais exoplanetas. Ao encontrar sistemas planetários diferentes do nosso Sistema Solar, podemos testar nossos modelos e entender melhor como o nosso próprio Sistema Solar se formou,” disse o professor Vincent Van Eylen, membro da equipe.
Artigo: A transiting giant planet in orbit around a 0.2 solar mass host star
Autores: Edward M. Bryant, Andrés Jordán, Joel D. Hartman, Daniel Bayliss, Elyar Sedaghati, Khalid Barkaoui, Jamila Chouqar, Francisco J. Pozuelos, Daniel P. Thorngren, Mathilde Timmermans, Jose Manuel Almenara, Igor V. Chilingarian, Karen A. Collins, Tianjun Gan, Steve B. Howell, Norio Narita, Enric Palle, Benjamin V. Rackham, Amaury H. M. J. Triaud, Gaspar Á. Bakos, Rafael Brahm, Melissa J. Hobson, Vincent Van Eylen, Pedro J. Amado, Luc Arnold, Xavier Bonfils, Artem Burdanov, Charles Cadieux, Douglas A. Caldwell, Victor Casanova, David Charbonneau, Catherine A. Clark, Kevin I. Collins, Tansu Daylan, Georgina Dransfield, Brice-Olivier Demory, Elsa Ducrot, Gareb Fernández-Rodríguez, Izuru Fukuda, Akihiko Fukui, Michaël Gillon, Rebecca Gore, Matthew J. Hooton, Kai Ikuta, Emmanuel Jehin, Jon M. Jenkins, Alan M. Levine, Colin Littlefield, Felipe Murgas, Kendra Nguyen, Hannu Parviainen, Didier Queloz, S. Seager, Daniel Sebastian, Gregor Srdoc, R. Vanderspek, Joshua N. Winn, Julien de Wit, Sebastián Zúñiga-Fernández
Revista: Nature Astronomy
DOI: 10.1038/s41550-025-02552-4.
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