Num clima festivo, marcado por brindes e descoberta de rótulos novos, terminou no domingo (15), em São Paulo, a 12ª edição do evento Vinhos de Portugal, evento realizado pelos jornais O GLOBO, Valor Econômico e Público em parceria com a ViniPortugal. Foi um recorde de público: no total, mais de 17 mil pessoas participaram das etapas carioca e paulista do festival – no ano passado foram 16 mil.
Uma das participantes, a engenheira Fabiane Rodrigues, circulava animada neste domingo (15) pelo Salão de Degustação, enquanto o sol do fim da tarde entrava pelas grandes janelas do Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera.
– Estou passando de estande em estande e conhecendo uvas novas. Quando a gente vai a um restaurante acaba caindo nas clássicas: Chardonnay, Cabernet sauvignon, e aqui estou provando algumas de que nunca ouvi falar. Não sei se vou dar conta de percorrer todo o salão! – disse.
Quem a levou foi o amigo do mercado financeiro Ricardo Novello, que tem paixão pelo vinho há 20 anos.
– Minha pegada é descobrir novas regiões, novas vinícolas. Acho que a grande experiência é descobrir coisas escondidas. Quando descubro uma vinícola compro todos os rótulos pra conhecer de verdade – contou. – Adoro Portugal, já fui várias vezes, e sempre digo a quem viaja pra Europa, que o lance é começar por Portugal.
Para Jorge Lucki, crítico do Valor, esta edição mostrou uma elegância nos vinhos que revela a evolução da produção portuguesa.
– Temos vinhos com mais frescor, que não havia no passado – disse.
A preferência por brancos e menos alcoólicos também é uma constatação desta edição, mostrando que tanto Portugal como o público brasileiro estão sintonizados com a tendência.
– Se eu fosse escolher uma casta, escolheria a alvarinho – afirmou o Master of wine Dirceu Vianna Junior, depois uma maratona de provas. – Com ela dá pra fazer vinhos leves, frescos, com madeira, e as pessoas não sabem que é uma uva que envelhece bem.
Estudioso dos vinhos portugueses há décadas, Vianna Junior revelou:
– Olha, pesquiso, leio, conheço e viajo para Portugal em média sete vezes por ano. Mas é um país que está sempre me desafiando. Cada vez que chego me apresentam uma uva nova.
O país tem inspirado brasileiros a produzirem lá. Um deles, o empresário mineiro Rubens Menin, investiu € 60 milhões nos últimos seis anos em uma vinícola e uma adega no Douro. Seu estande oferecia sete brancos e sete tintos para degustação de suas duas marcas: Menin Douro States e HO (Horta Osório). São vinhos que variam de R$ 200 a R$ 2 mil a garrafa. Sua ideia é que, no futuro, 50% da produção seja exportada para o Brasil.
Investimentos desse porte testemunham que, se há uma diminuição no consumo internacional de vinhos, o mercado brasileiro continua muito atrativo para os rótulos portugueses. A Sogrape, por exemplo, a maior empresa de vinhos de Portugal, que reúne cerca de 40 marcas, tem desenvolvido estratégias para enfrentar esse momento.
– Portugal tem cerca de 250 castas, e nossa meta tem sido recuperar espécies autóctones para melhorar a biodiversidade – afirmou Fernando Guedes, o presidente do grupo.
No ano passado, o faturamento da Sogrape foi de € 350 milhões, sendo que 20% da produção se destina ao mercado português e os 80% restantes vão para a exportação.
– Nosso desafio é entender melhor o consumidor e ter um portfólio vasto que contemple vinhos de várias faixas de preço até vinhos sem álcool.
Entre as áreas de pesquisa e inovação, a Sogrape investiu no total € 1,5 milhão no ano passado.
– Temos projetos ligados à tecnologia, ao estudo de novas castas e novas embalagens. Há a ideia de que o setor do vinho é tradicional. De fato é. O que precisamos é quebrar paradigmas e inovar. A inteligência artificial veio para ficar e vai afetar a indústria do vinho ao longo de toda a cadeia: da produção à venda. Estamos estudando como aplicá-la. Não podemos ficar à margem da evolução do mundo.
Segurando taças de branco e tinto, as amigas Mainá Santana e Patrícia Tunes se divertiam pensando que vinho levariam para acompanhar a tábua de queijos que comprariam na saída.
– Somos vizinhas no mesmo prédio e toda semana nos encontramos para tomar vinho. O motivo é sempre o vinho. O bom é que não temos que sair de casa e pegar trânsito – disse Santana, que é nutricionista.
Tunes, que é procuradora federal, contou que muitas vezes escolhe rótulos da América Latina pressionada pelo preço, mas o que gosta mesmo é de comprar vinhos portugueses.
– Quando sairmos daqui vamos aproveitar as palestras da área gratuita. Afinal, essas duas horas no Salão de Degustação passam muito rápido.
O Vinhos de Portugal 2025 é uma realização dos jornais O GLOBO, Valor Econômico e Público, em parceria com a ViniPortugal, com a participação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto; apoio das Comissões de Vinho do Alentejo, Dão, Lisboa, Tejo, Vinhos Verdes, Herdade do Peso, Turismo de Portugal, Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, Shopping Leblon e Sadia, hotel oficial Fairmont Rio (RJ), restaurante oficial Osso, água oficial Águas Prata, cia. aérea oficial Azul, assessoria de imprensa InPress Porter Novelli, local oficial Jockey Club Brasileiro (RJ), loja oficial Porto Di Vino, rádio oficial CBN e curadoria Out of Paper.