Você já olhou para um cavalo e teve a sensação de que ele estava fazendo uma “careta”? Talvez puxando os lábios, arregalando os olhos ou mexendo as orelhas de um jeito estranho? Pois saiba que esses gestos não são aleatórios: são formas de linguagem.
Os cavalos usam expressões faciais para se comunicar entre si e com o ambiente. E essa forma de comunicação é tão sofisticada que vem sendo estudada com bastante seriedade por cientistas.
Durante muito tempo, acreditava-se que a comunicação entre cavalos se limitava a relinchos, bufadas, movimentos do corpo e posturas. Mas estudos recentes mostram que cavalos fazem caretas para se comunicar de maneira ativa e intencional.
E mais: eles possuem um vocabulário facial bem desenvolvido, comparável ao de primatas como chimpanzés e humanos. Ou seja, por trás de cada movimento facial, há uma mensagem para alertar, acolher, desafiar ou simplesmente expressar um sentimento.
Leia mais:
À primeira vista, pode até parecer engraçado, mas essa “caretas” são expressões faciais que os cavalos fazem de forma consciente para se comunicar com outros cavalos e até com humanos. Eles têm uma espécie de “alfabeto facial” feito de pequenos movimentos nos olhos, nas orelhas, no nariz e na boca. E cada um desses gestos tem significado.
Durante muito tempo, a comunicação dos cavalos foi associada apenas a relinchos, movimentos do corpo e posturas, mas estudos mais recentes revelaram que o rosto dos cavalos também fala. Cientistas criaram um sistema chamado EquiFACS (Facial Action Coding System para equinos), que catalogou pelo menos 17 movimentos distintos na face do cavalo. Esses movimentos transmitem estados emocionais, intenções e reações sociais e sensoriais.
Esse sistema já está sendo usado em diversos campos de estudos. Por exemplo, uma pesquisa realizada em 2023 identificou 16 movimentos faciais relacionados a variadas intensidades e aspectos de dor ortopédica, oferecendo aos veterinários uma ferramenta para avaliar o sofrimento dos cavalos e aprimorar seu manejo e tratamento. Esses movimentos fazem parte do repertório natural do cavalo, no qual cada expressão facial pode indicar um estado ou reação particular.
Assim, um cavalo com as orelhas apontadas para frente está curioso ou interessado; com as orelhas para trás, pode estar irritado ou na defensiva. Olhos muito abertos revelam medo ou alerta. E quando ele ergue o lábio e enruga o focinho, está ativando um mecanismo sensorial bastante sofisticado.
Essa expressão, chamada de “flehmen”, está diretamente ligada a uma estrutura conhecida como órgão vomeronasal, ou órgão de Jacobson. Localizado entre o nariz e o céu da boca, esse órgão é especializado em detectar substâncias químicas como feromônios, que são sinais invisíveis que carregam informações sobre o estado hormonal, reprodutivo ou emocional de outros cavalos.
Quando o cavalo faz o flehmen, ele suga o ar para dentro da cavidade nasal e o direciona ao órgão vomeronasal, que analisa essas pistas químicas e envia as informações ao cérebro.
Essas expressões não servem só para perceber o mundo ao redor, mas também para interagir com outros cavalos. Elas ajudam a estabelecer hierarquias, indicar desconforto, convidar para a aproximação ou sinalizar que algo não está bem. Essa comunicação é essencial para convivência com outros cavalos, em que a boa convivência depende da leitura constante do comportamento dos outros.
Saber que cavalos fazem caretas para se comunicar muda de como nos relacionamos com eles. Da próxima vez que um cavalo fizer uma careta, não ria: ele está falando com você.