Ações de reflorestamento, e de desenvolvimento sustentável, podem ser delineadas em conjunto, por meio de estratégias “em bloco” no âmbito do grupo dos Brics. A análise partiu da diretora de Soluções Baseadas na Natureza da Vale, Patrícia Daros. Ela fez a observação no Fórum Empresarial dos Brics, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), neste sábado (5).
Sobre a chamada “pauta florestal”, a executiva ponderou que essa pode ser abordada, dentro dos debates do grupo, em diferentes frentes. Uma delas é por meio de colaboração em iniciativas de conservação. Os países, explicou ela, podem compartilhar experiências e práticas de conservação, como a gestão de unidades de conservação e o uso sustentável de recursos florestais. Isso inclui o desenvolvimento econômico para comunidades locais, garantindo que as populações que dependem das florestas possam prosperar ao mesmo tempo em que preservam os ecossistemas, detalhou a diretora.
“Quando eu olho os países do Brics e o potencial desses países com relação a soluções baseadas na natureza, eu acho que faz total sentido [ações em conjunto sobre o tema]”, disse.
Além disso, os países também podem promover conversas que gerem troca de conhecimento sobre mudanças climáticas, pontuou. A cooperação, continuou ela, pode incluir a troca de conhecimentos sobre “sequestro de carbono”, disse. Esse é o processo de remoção do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e seu armazenamento em locais como solos, florestas, oceanos e formações geológicas.
A executiva sugeriu ainda formação de outras frentes conjuntas sobre o tema. Ela citou como exemplo de frente conjunta no tema o TFFF, ou Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa global para financiar conservação de florestas tropicais em países em desenvolvimento. Para ela, os Brics poderiam criar iniciativas semelhantes aos TFFF. Isso fortalece a posição dos países em fóruns internacionais e otimiza a alocação de recursos, comentou.
Outra sugestão mencionada por ela, sobre o mesmo tema, foi de implementar mecanismos de compensação que permitam aos países do Brics trocar créditos de carbono e desenvolver políticas integradas, que reconheçam as florestas como ativo ambiental crucial.
Em painel cujos participantes discutiam estratégias para a transição energética e descarbonização, no âmbito das economias dos Brics, a executiva trouxe um panorama detalhado dos trabalhos da Vale, no âmbito do desenvolvimento sustentável.
Em sua fala, a diretora comentou sobre a meta voluntária da empresa em relação ao reflorestamento e proteção de áreas florestais que é recuperar e proteger 500 mil hectares. Esta meta é parte da agenda 2030 da empresa e se estende além das fronteiras do Brasil, implicando um compromisso com a floresta que não está ligado à compensação por atividades comerciais, informou a executiva.
Além disso, a empresa mantém 800 mil hectares em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e busca promover o desenvolvimento econômico das comunidades que vivem em torno dessas florestas, garantindo a preservação da floresta em pé. O ICMBio é uma autarquia federal brasileira vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, responsável pela gestão das Unidades de Conservação Federais e pela proteção e uso sustentável da biodiversidade do país
A executiva ponderou ainda que, em sua análise, os desafios climáticos, no mundo hoje, devem ser enfrentados por meio de ações elaboradas a partir da união entre poderes público e privado, bem como sociedade civil.