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terça-feira, julho 1, 2025

Itamaraty reage à ‘The Economist’ e diz que Lula tem ‘autoridade moral’ no exterior

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Na carta, que foi obtida pelo Valor, o chefe do Itamaraty afirmou que, entre “humanistas de todo o mundo, incluindo políticos, líderes empresariais, acadêmicos e defensores dos direitos humanos, o respeito à autoridade moral do presidente Lula é indiscutível”.

Vieira também rebateu as afirmações da “The Economist” sobre o posicionamento brasileiro diante dos ataques dos Estados Unidos ao Irã. No texto, publicado no domingo (29), a revista disse que o Brasil destoou das demais democracias ocidentais ao “condenar com veemência” o ataque americano e declarar que os bombardeios a instalações nucleares foram uma “violação da soberania do Irã e do direito internacional”, enquanto outros países apoiaram a ofensiva ou apenas expressaram preocupação.

Para a publicação, o tom brasileiro reforçou a postura “cada vez mais hostil ao Ocidente” e distante dos Estados Unidos, desde que Donald Trump assumiu a presidência. Foram apontadas também críticas à falta de pragmatismo nas relações externas, com menção à perda de diálogo com a Argentina, “por diferenças ideológicas”, desde a posse do presidente Javier Milei.

“Como um país que não tem inimigos, o Brasil é também um coerente defensor do direito internacional e da resolução de disputas por meio da diplomacia. Não fazemos tratamento ‘à la carte’ do direito internacional nem interpretações elásticas do direito de autodefesa. Lula é um eloquente defensor da Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra”, afirmou o chanceler à revista.

“A posição do Brasil quanto aos ataques ao Irã e, sobretudo, às instalações nucleares é coerente com esses princípios. Nossa condenação responde ao fato elementar de que essas ações constituem uma flagrante transgressão da Carta da ONU. Ferem, em particular, as normas da Agência Internacional de Energia Atômica, organização responsável por prevenir contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala”, prosseguiu o titular do Itamaraty.

Vieira lembrou ainda que a gestão de Lula condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, “ao mesmo tempo em que apontou a necessidade de abrir caminhos para uma resolução diplomática do conflito, ainda em 2023”.

“Lula não é popular entre os negacionistas climáticos”, disse o ministro. “Em face de uma nova corrida armamentista, ele está entre os líderes que denunciam a irracionalidade de investir na destruição, em detrimento da luta contra a fome e do aquecimento global”, completou ele, em alusão às falas do petista contra os investimentos bélicos das grandes potências, em vez do aporte de recursos em medidas para conter as mudanças climáticas e a miséria no mundo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Cúpula do G20 — Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Mauro Vieira também se contrapôs às afirmações da revista de que Lula enfrenta “fraqueza no cenário internacional”, agravada “pela queda da popularidade em casa”. A “The Economist” disse que, nos mandatos anteriores do presidente, “sua força interna lhe dava credibilidade externa” e criticou a anuência do Brasil à presença no Brics de “regimes autoritários”, como Rússia e Irã.

“Como presidente do G20, Lula construiu um difícil consenso entre os membros, no ano passado, e ao longo do processo logrou criar uma ampla aliança global contra a fome e a pobreza. Também apresentou uma ousada proposta de taxação de bilionários que terá incomodado muitos oligarcas”, afirmou o chanceler na carta.

Sobre o Brics, Vieira disse que o Brasil vê o bloco “como ator incontornável na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico”. “Nossa presidência trabalhará para fortalecer o perfil do grupo como espaço de concertação política em favor da reforma da governança global e como esfera de cooperação em prol do desenvolvimento e da sustentabilidade”, declarou.

O ministro também saiu em defesa de Lula ao afirmar que, sob a liderança do presidente, “o Brasil tornou-se um raro exemplo de solidez institucional e de defesa da democracia” e “mostrou-se um parceiro confiável que respeita as regras multilaterais de comércio e oferece segurança a investidores”.

Lula, nas palavras de Vieira, é um dos “poucos líderes mundiais” que “podem dizer que sustentam com a mesma coerência os quatro pilares essenciais à humanidade e ao planeta: democracia, sustentabilidade, paz e multilateralismo”.

Bolsonaro, direita e evangélicos

A “The Economist” relacionou a queda de aprovação de Lula ao crescimento do número de evangélicos e ao histórico de vinculação do PT à corrupção. A nova dinâmica é atribuída pela revista à ascensão da direita no Brasil, além de aspectos como o maior apelo do mercado informal de trabalho, com a bandeira do empreendedorismo.

O texto analisa a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), lembrando que ele é réu por tentativa de golpe de Estado e pode ser condenado e até preso em breve, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Inelegível, Bolsonaro é pressionado a indicar um sucessor, mas não dá sinais de que fará isso rápido. A avaliação da “The Economist” é a de que, se a direita tiver uma indicação de nome até as eleições e se unir em torno dele, muito provavelmente terá condições de vencer.

[Fonte Original]

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