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sexta-feira, julho 11, 2025

Crítica | Star Wars: Legacy Of Vader #6 – Plano Crítico

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Finalizando o arco Reign of Kylo Ren, dentro da série Legacy of Vader, o grande mérito da narrativa é ver Kylo Ren reinando e, ao mesmo tempo, perdendo. Charles Soule já explorou amplamente como Ben Solo é um garoto mimado, que deseja destruir o passado por se considerar o novo, uma surpresa agradável em termos de poder e conquista. Dentro dessa mentalidade, o roteiro apresenta um cenário em que toda a potência do protagonista deriva justamente do passado que ele tanto quer ignorar. Essa última edição do arco, que funciona mais como uma ponte do que como um encerramento, destaca essa peculiaridade narrativa: o prazer de acompanhar a construção de Ren está em vê-lo sucumbir ao próprio orgulho.

Após cinco edições acompanhando Kylo Ren aprendendo e desaprendendo com Vaneé — antigo assistente de Vader —, o filho de Leia e Han Solo destruiu parte da história dos Hutt e de Naboo. Seu percurso é marcado por vitórias, mas, para o leitor, é como se cada conquista fosse uma decepção, vendo-o enfraquecido, embora sempre triunfando por sua habilidade com a Força e táticas militares. A graça, de certa forma, que Charles Soule imprime à narrativa reside nesse sentimento de injustiça, mas também de aprendizado sobre o personagem e o passado, sob a perspectiva de Vader e seu assistente. A alternância entre os ilustradores Luke Ross e Stefano Raffaele reforça essa ideia, especialmente porque Ross inicia e encerra o arco com seu traço mais delicado nas sombras, enquanto Stefano é mais “rude”, transmitindo mais raiva ao longo da jornada — algo que o leitor consegue sentir.

No entanto, a sexta edição inverte essa narrativa. Diferentemente das anteriores, ela não começa com Vaneé apresentando algo e Kylo Ren desdenhando do passado. O assistente, quase desistindo dos jogos infantis de Kylo e temendo não cumprir o que lhe foi exigido pelo neto de seu mestre, propõe um desafio prático para tornar Ben Solo mais forte. Como todo fã de Star Wars sabe, a Ordem 66 de Palpatine é o grande ponto de virada, o marco de uma tragédia, especialmente no coração de Anakin Skywalker. Mas isso vem depois, pois Kylo não poderá menosprezar um Jedi sobrevivente da Ordem 66 ao enfrentá-lo — esse é o desafio proposto.

Legacy of Vader

A história começa com a conquista de Corellia, um planeta rico em recursos e indústrias, essencial para a Primeira Ordem após as perdas em Crait (Os Últimos Jedi) e Naboo (por culpa do próprio Supremo Líder Kylo Ren). Com a arte de Luke Ross priorizando plongées e contre-plongées, imagens icônicas de Kylo no trono, somos apresentados a um rei arrogante. Humilhando Hux sem escrúpulos, seja verbalmente, seja militarmente na invasão de Corellia, e sendo exaltado pelos stormtroopers, o sentimento de desgosto diante do poder de Kylo Ren é bem construído. Contudo, a antítese da ilustração de Kylo na neve, caminhando sozinho na floresta em busca do Jedi localizado por Vaneé, transmite uma sensação de humilhação para o próprio Ben Solo.

Luke Ross ainda intensifica esse prazer visual numa sequência de contre-plongée do Supremo Líder numa cantina, que logo é quebrada quando seu sabre de luz é roubado por um Force Pull (puxão da Força). O gancho deixado, num quadro de corpo inteiro de um Jedi meio torto, como se fosse um plano holandês vertical, cria um Force Push (empurrão da Força) metafórico nos leitores. Essa cena gera a expectativa de um desafio real para Kylo Ren contra esse Jedi, prometendo ainda mais prazer ao ver o personagem confrontar seu orgulho.

Assim se encerra o arco Reign of Kylo Ren, com o protagonista visualmente imponente no trono como Supremo Líder, mas profundamente humilhado por um punhado de quadrinhos no final. Um tirano tendo seu sabre roubado por um Jedi numa cantina não poderia ser mais icônico. A previsão, por enquanto, é que Legacy of Vader se estenda até a nona edição, mas pode ir além. Aguarde a finalização da série para mais críticas em breve.

Star Wars: Legacy of Vader #6 — (Estados Unidos, 2025)
Roteiro: Charles Soule
Arte: Luke Ross
Cores: Nolan Woodard
Letras: VC’s Joe Caramagna
Capa: Derrick Chew
Editoria: Mikey J. Basso, Drew Baumgartner, Mark Paniccia, C.B. Cebulski
23 páginas



[Fonte Original]

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