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sábado, julho 12, 2025

Crítica | The Resident – 5ª Temporada – Plano Crítico

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Nos últimos anos, os dramas médicos se tornaram um dos gêneros mais populares na televisão e nas plataformas de streaming. Séries icônicas como Grey’s Anatomy, House e The Good Doctor conquistaram legiões de fãs e uma legião de premiações. No entanto, o sucesso estrondoso desse gênero trouxe consigo uma saturação que pode ter inibido a inovação e a criatividade na ficção televisiva. É o que contemplamos como reflexão ao finalizar a quinta temporada de The Resident. Primeiramente, a popularidade dos dramas médicos fez com que muitas redes e plataformas de streaming investissem pesado neste tipo de conteúdo. A lógica é simples: se algo funciona, é preferível replicá-lo. Essa repetição resulta na criação de séries que muitas vezes se espelham umas nas outras, levando a uma homogeneização das narrativas. A fórmula do drama médico se tornou uma “receita de bolo”, onde o espectador já sabe o que esperar: casos complexos, dilemas éticos e reviravoltas emocionais. Essa previsibilidade pode limitar a capacidade dos escritores de explorar novas histórias ou abordagens, resultando em narrativas que não surpreendem mais o público.

Além disso, a pressão por audiência acaba fazendo com que os roteiristas e produtores renunciem a inovações em prol de fórmulas testadas e comprovadas. O medo de perder telespectadores leva a um conformismo criativo, onde adaptações de dramas médicos se tornam a norma. Isso afeta não apenas a qualidade dos roteiros, mas também a representação da medicina e da vida dos profissionais da saúde. A superficialidade com que os temas são abordados de maneira simplista e/ou saturada, sem a profundidade que merecem. Ademais, a ascensão de plataformas de streaming, que oferecem uma variedade ainda maior de conteúdo, trouxe a promessa de inovação. No entanto, mesmo nesses ambientes, os dramas médicos continuam a dominar. Novas séries frequentemente tentam captar a essência do que já foi bem-sucedido, ao invés de arriscar-se em narrativas diferenciadas. Isso limita o espaço para a criação de histórias realmente originais e inovadoras, que poderiam colocar em foco outros temas e gêneros frequentemente negligenciados. Outro aspecto que merece destaque é o impacto na formação do público. Com a exibição contínua de dramas médicos, os espectadores se tornam cada vez mais familiarizados com essas narrativas e, consequentemente, menos receptivos a conteúdos que desafiem suas expectativas.

Por um lado, temos bons trabalhos, como The Pitt. Por outro, ainda temos a insistência em fórmulas triviais, como Pulso. No geral, o excesso de dramas médicos na ficção televisiva e nas plataformas de streaming, embora inicialmente tenha contribuído para o sucesso do gênero, acabou criando um cenário de saturação que ameaçou a criatividade e a inovação. A repetição de fórmulas, a pressão por audiência e a resistência a novos conceitos limitam a diversidade de narrativas disponíveis. A 5ª temporada de The Resident, que estreou em 21 de setembro de 2021, marcou a continuidade de um drama médico que, apesar de seus primeiros anos promissores, começou a perder sua essência ao longo do tempo. Com 23 episódios, esta temporada se tornou a penúltima da série e trouxe consigo tanto novos desafios quanto novos personagens. No entanto, a falta de originalidade nas tramas e a repetição excessiva de arcos narrativos contribuíram para uma percepção geral de que a série estava se tornando genérica. Os criadores, ao invés de explorar as complexidades da medicina e da vida profissional dos personagens de forma inovadora, acabaram se rendendo a clichês e enredos previsíveis, que não conseguiram manter o encanto inicial da narrativa.

Logo na abertura da temporada, um ataque cibernético ao Hospital Chastain serve como um arremate dramático, colocando a equipe médica em uma situação crítica em que o pronto-socorro colapsa. A Dra. Kit Voss, interpretada por Jane Leeves, é uma das personagens centrais que enfrenta essa crise ao decidir se deve pagar o resgate exigido pelos criminosos. Esta situação gera um conflito interessante, trazendo à tona dilemas éticos e morais que todos os profissionais de saúde podem enfrentar. No entanto, a evolução de Kit em sua nova função, enquanto implementa novos programas para o hospital, rapidamente se perde em meio a um mar de episódios que, apesar de apresentarem contextos emocionais potencialmente ricos, não são capazes de entregar mudanças significativas na narrativa. A possibilidade de uma trama mais robusta e instigante se esvai à medida que a série prioriza o desenvolvimento de relacionamentos amorosos da equipe, um aspecto que, em vez de enriquecer, acaba esvaziando as experiências profissionais dos protagonistas. Nesta temporada, os bons momentos são muito raros.

Outro aspecto que marcou esta temporada é a partida da enfermeira Nic Nevin, interpretada por Emily VanCamp, que desaparece tragicamente logo nos primeiros episódios. Com sua saída, o foco se volta para a figura de Conrad, o marido, que fica encarregado de cuidar da filha recém-nascida. Embora essa mudança traga um elemento de drama, a forma como a narrativa aborda esta transição não explora suficientemente o impacto emocional tanto para o personagem quanto para o público. O modo como sua ausência é percebida, somado ao desenvolvimento superficial dos novos personagens, como Trevor Daniels (Miles Fowler), que é o filho biológico de Billie e residente de anestesia, contribui para a sensação de que a série não soube capitalizar sobre os momentos emocionais que poderia ter, tornando a adição de novos personagens uma inclusão descartável e horizontalizada dentro de uma narrativa que já caminha em círculos.

A 5ª temporada de The Resident procura, de fato, explorar a vida pessoal e profissional dos personagens, focando nas relações familiares, nos desafios amorosos e nos obstáculos da profissão médica. Embora a série se destaque em dar atenção a questões sociais importantes como as desigualdades no sistema de saúde, a quantidade excessiva de episódios prejudica a profundidade de suas abordagens. Momentos de desenvolvimento notável de personagens secundários, embora bem-vindos, não são suficientes para contrabalançar uma narrativa que rapidamente se torna previsível e repetitiva. O foco excessivo nos relacionamentos amorosos dos protagonistas acaba tirando a essência dramática das situações médicas que historicamente fizeram a série se destacar, levando a um desinteresse crescente por parte dos fãs e críticos. Em suma, a temporada é marcada por um potencial que frequentemente se perde em meio a uma narrativa excessivamente longa e previsível. Apesar de alguns bons momentos e da exploração de temas sociais relevantes, a série falha ao não ser capaz de reinventar seus arcos narrativos e surpreender seu público.

The Resident (idem, Estados Unidos/2021-2022).
Criação: Amy Holden Jones, Roshan Sethi, Hayley Schore
Direção: Phillip Noyce, Rob Corn, Bill D’Elia, James Roday, David Rodriguez, Thomas Carter, Bronwen Hughes, David Crabtree
Roteiro: Amy Holden Jones, Roshan Sethi, Hayley Schore
Elenco: Manish Dayal, Emily VanCamp, Matt Czuchry Bruce Greenwood, Melina Kanakaredes, Tasso Feldman, Shaunette Reneé, Morris Chestnut, Rob Yang
Duração: 45 min (cada episódio – 23 episódios no total)



[Fonte Original]

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