O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que o Brasil tem uma participação do crédito imobiliário no Produto Interno Bruto (PIB) “muito menor” do que em países pares, e que o BC está trabalhando em um caminho de transição entre o modelo antigo, baseado na caderneta de poupança, para um novo modelo.
Em almoço com integrantes da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo (FPE) e associados do Instituto Unidos Brasil (IUB), Galípolo apresentou um slide mostrando que a relação entre crédito imobiliário e PIB está em 10% desde setembro de 2016. No Chile, por exemplo, está em 30%; na Tailândia, 20%; África do Sul, 18%; e México, 11%.
Galípolo disse que a poupança é um passivo dos bancos remunerado pela Taxa Referencial (TR) e que não existe um ativo remunerado pela TR. “[O banco] precisa casar a variação do seu passivo e ativo para não ficar no risco de variação. Então, se você tem só a poupança, que está a TR, e do outro lado só o crédito imobiliário empresta a TR mais alguma coisa, você fica casado com isso durante todo o período de financiamento. Você não tem securitização, esse crédito não roda.”
O presidente do BC disse que no resto do mundo esse crédito é vendido e permite que o banco libere o balanço para dar novas concessões de crédito. “Aqui o banco geralmente fica casado com aquela operação por 14 anos sem voltar a criar uma nova operação, porque ele não tem outro ativo para fazer frente ao passivo com o mesmo indexador.”
Galípolo destacou que a mudança no crédito imobiliário não será do dia para a noite. “Aqui é um tema que a gente está trabalhando para ver se a gente consegue fazer um caminho de transição de um modelo antigo para um modelo novo [no crédito imobiliário]. Não vai ser nada do dia para a noite, vai ser um processo longo. A poupança está aí há muitos anos, mas que justamente utilize a poupança para auxiliar a financiar essa transição para um modelo novo que vai poder nos tornar mais parecidos com o que a gente vê nos nossos pares.”
Galípolo disse que o BC se move como um “transatlântico” e tem tentado ser mais constante e não dar “cavalo de pau”, nem na política de financiamento habitacional nem na política monetária.