Ibovespa cai pressionado por juros futuros; Petrobras e Vale limitam perdas

Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a cair até os 138.384 pontos e alcançou os 140.049 pontos, na máxima. O movimento registrado na curva futura pesou sobre ações domésticas, que lideraram as maiores perdas da sessão, caso de Assaí, que cedeu 7,52%.

Para o superintendente de investimento da Brasilprev, Altair Cesar, o movimento registrado hoje nos ativos locais foi potencializado por dúvidas em torno do que ocorrerá no mercado no segundo semestre após o forte movimento registrado na segunda-feira.

“O último dia do semestre foi um pregão muito bom para os ativos [locais]. Não sabemos se foi um ajuste de carteiras ou se isso pode ser uma tendência. Foi um movimento forte e não tivemos uma novidade tão ‘anormal’ que pudesse ter levado a isso”, diz Cesar. “Os investidores vão ficar tentando entender o que pode ter acontecido na segunda-feira”, acrescenta o especialista.

Ainda que agentes estejam tateando os próximos passos com cautela, o profissional da Brasilprev estima que o segundo semestre possa ser “forte” para os ativos locais. “Estaremos nos aproximando mais de 2026 e temos consolidado que os juros vão cair em algum momento. É a hora de ver quando os investidores irão colocar mais risco nos portfólios.”

A Brasilprev, por exemplo, aumentou recentemente a alocação em bolsa brasileira. Apesar de o Ibovespa já ter avançado mais de 15% no primeiro semestre, o especialista ainda vê espaço para uma alta maior com a queda efetiva da Selic e com as eleições de 2026.

Para Cesar, a rotação global de portfólios que estavam super expostos a ativos americanos para outras regiões “veio para ficar”, diante da maior necessidade de diversificação e de busca por países “seguros para investir”.

O saldo alocado por investidores estrangeiros no segmento secundário da B3 (ações já listadas) entre janeiro e junho ficou positivo em R$ 26,4 bilhões, o que seria o maior valor registrado para o período desde 2022, quando o ingresso foi de R$ 51,9 bilhões, segundo dados da B3.

Em um pregão mais negativo no mercado acionário, ações ligadas a commodities foram destaque na sessão, caso de Petrobras e Vale. Os papéis PN da petroleira subiram 1,78%. Já as ON da mineradora avançaram 3,64%, em linha com a alta nos preços do minério de ferro no mercado futuro em Dalian, na China. Ações de siderúrgicas também subiram, caso de CSN (+6,13%) e Usiminas (+5,37%).

Analistas apontam que pesou também sobre o setor de mineração a notícia de que o governo chinês anunciou que irá reprimir a competição “desordenada” de preços baixos e eliminar parte da capacidade industrial. “Isso deve retirar pressão do fluxo de exportações de bens chineses, diminuindo as tensões entre China vs. EUA e Europa. Pode ser uma contraparte de um acordo dentro do período de negociações de 90 dias entre China e EUA, culminando em uma definição de tarifa menor”, avalia um participante.

Já no ambiente macro internacional, os números do mercado de trabalho mais fracos aumentaram as expectativas de que o Federal Reserve (Fed) possa realizar cortes de juros mais cedo do que o esperado, de acordo com Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.

“Um dado tão negativo do mercado de trabalho acende uma luz, porque quando o emprego para de maneira abrupta gera um impacto muito expressivo na economia”, aponta o profissional. “Se o payroll vier confirmando esse dado negativo do ADP, isso pode mudar um pouco as projeções de corte de juros na economia americana”, completa Moreira.

O volume financeiro negociado no Ibovespa foi de R$ 18,8 bilhões e de R$ 23,8 bilhões na B3. Já em Wall Street, os principais índices voltaram a fechar mistos: o Nasdaq subiu 0,94%; o S&P 500 avançou 0,47%; e o Dow Jones cedeu 0,02%.