Os banqueiros de investimento do J.P. Morgan Chase & Co. registraram um ganho surpreendente no segundo trimestre, sinalizando o que pode ser o início de uma recuperação no mercado de negócios após a hesitação generalizada relacionada às políticas tarifárias dos EUA.
O maior banco americano registrou lucro líquido de US$ 15 bilhões no 2º trimestre deste ano, ou US$ 5,24 por ação. O resultado ficou acima da estimativa média dos analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, de US$ 4,48 por ação, mas representou uma queda em relação aos números do mesmo período no ano passado, quando o banco teve um lucro por ação (EPS) de US$ 6,12.
As taxas de banco de investimento subiram 7%, informou o banco em um comunicado na terça-feira, enquanto analistas esperavam uma queda de 14%. Os operadores de ações da empresa registraram seu melhor segundo trimestre de sua história, e as negociações de renda fixa superaram as expectativas.
A atividade de negócios “começou lenta, mas ganhou impulso com a melhora do sentimento do mercado”, disse o CEO Jamie Dimon no comunicado. “A finalização da reforma tributária e a potencial desregulamentação são positivas para as perspectivas econômicas; no entanto, persistem riscos significativos – incluindo tarifas e incerteza comercial, piora das condições geopolíticas, altos déficits fiscais e preços elevados de ativos.”
Os resultados melhores do que o esperado do setor de banco de investimento oferecem um primeiro vislumbre de como as mudanças tarifárias do governo Trump afetaram os resultados, bem como novos insights sobre a saúde dos consumidores e empresas dos EUA. Wells Fargo & Co. e Citigroup Inc. também divulgaram seus relatórios na terça-feira, com Bank of America Corp., Goldman Sachs Group Inc. e Morgan Stanley previstos para quarta-feira.
Os negócios de consultoria em fusões de grandes bancos têm sido uma fonte de preocupação para muitos investidores, já que uma recuperação esperada neste ano foi prejudicada por anúncios de tarifas conflitantes que mantiveram muitos CEOs aguardando por mais clareza. Doug Petno, codiretor do banco comercial e de investimento do J.P. Morgan, disse aos investidores em maio que muitos clientes “pisaram no freio” durante a volatilidade.
No setor de banco de investimento, a subscrição de dívida cresceu 12% e as taxas de consultoria em fusões e aquisições subiram 8%, contrariando as expectativas dos analistas de queda em relação ao ano anterior. A receita com subscrição de ações recuou 6%, enquanto os analistas esperavam uma queda de 29%.
Na área de negociação, o negócio de renda fixa arrecadou US$ 5,69 bilhões, bem acima da estimativa média de US$ 5,22 bilhões. A negociação de ações chegou a US$ 3,25 bilhões — um recorde para o segundo trimestre, após uma máxima histórica estabelecida no primeiro trimestre.
A receita líquida de juros do J.P. Morgan nos três meses encerrados em 30 de junho ficou abaixo das estimativas dos analistas, embora a empresa tenha afirmado que agora prevê uma receita de cerca de US$ 95,5 bilhões para o ano inteiro. Em seu dia do investidor em maio, o banco reafirmou sua projeção anterior de margem financeira líquida (NII) para o ano inteiro de cerca de US$ 94,5 bilhões, mas o diretor financeiro, Jeremy Barnum, disse na época que a perspectiva era “provavelmente um pouco melhor do que a dos lucros do primeiro trimestre”.
O Wells Fargo, que também divulgou seus resultados na terça-feira, ficou abaixo das expectativas para o NII e reduziu sua projeção para o ano inteiro.
As despesas não decorrentes de juros foram de US$ 23,8 bilhões no trimestre, ligeiramente abaixo das estimativas. Ainda assim, a empresa afirmou que agora espera que as despesas ajustadas, que excluem custos legais, cheguem a cerca de US$ 95,5 bilhões no ano inteiro, acima dos cerca de US$ 95 bilhões em maio.
O J.P. Morgan adicionou US$ 439 milhões à sua provisão para empréstimos potencialmente inadimplentes, menos do que os US$ 761 milhões esperados pelos analistas. Em seu comunicado desta terça-feira, a empresa afirmou que o aumento foi impulsionado principalmente pelo impacto da atividade de empréstimos em seus negócios de atacado, “amplamente compensado por uma redução na ponderação dada aos cenários adversos”.
Os investidores também estão interessados em obter insights sobre como os executivos estão pensando em capital, com uma conferência do Federal Reserve sobre o tema programada para o final deste mês. O J.P. Morgan e seus pares realizaram uma versão mais flexível do teste de estresse anual do Fed no mês passado e, dias depois, o banco aumentou seus dividendos e anunciou seu maior programa de recompra de ações de todos os tempos.
O banco central também propôs mudanças em outra regra, a taxa de alavancagem suplementar aprimorada, no final do mês passado.