Trilha de Finanças do Brics terá duas declarações específicas e um comunicado conjunto, dizem fontes

Serão duas declarações específicas e um comunicado final conjunto, segundo fontes que participam da negociação. “Os três textos têm substância, o que que em si mostra que as negociações foram produtivas”, destacou uma das fontes, lembrando que os demais fóruns internacionais têm tido dificuldades para chegar a consensos diante dos conflitos geopolíticos.

Haverá uma declaração específica de apoio às negociações da convenção tributária da Organização das Nações Unidas (ONU), conforme antecipado pelo Valor, com menção à tributação dos super ricos, um tema caro à presidência brasileira. Integrantes do governo brasileiro avaliam que essa declaração é importante para mostrar que o tema da taxação dos super ricos está presente em todos os fóruns internacionais, não tendo ficado restrito ao comunicado do G20, encerrado em novembro do ano passado.

Outra declaração específica vai tratar sobre revisão de cotas e da governança do Fundo Monetário Internacional (FMI). A declaração vai defender que seja feita uma mudança na forma do cálculo de cota dos países, com maior destaque para o PIB e para a paridade de poder de compra, o que favorece os países do Brics. Será a primeira declaração específica do Brics sobre FMI, o que será importante para a próxima discussão da revisão de cotas, explicam fontes.

Ainda nessa declaração, haverá menção também sobre a necessidade de revisar a governança do FMI, acabando com a obrigatoriedade de a presidência do fundo ser sempre de um país europeu.

Por fim, o comunicado final de Finanças do Brics terá recados políticos em apoio ao multilateralismo, segundo fontes. O documento será sucinto, com menos de 10 páginas. “O que tem de novo desse communiqué é que ele é um communiqué conciso e com mensagens políticas claras sobre transformação da ordem global, de fortalecimento da coordenação entre os países do Brics e de que o momento internacional é um momento de crise no multilateralismo e os Brics têm que estar em posição de apoio ao multilateralismo, ocupando esse espaço que foi criado por uma crise”, explicou uma fonte do governo brasileiro.

Os documentos serão divulgados ainda neste sábado, ao fim da reunião da trilha financeira.