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segunda-feira, julho 7, 2025

Conheça a Ave que Consegue Voar por Mais de 80 Horas Sem Descanso

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A narceja-grande (Gallinago media) é um verdadeiro exemplo de resistência e vigor. Trata-se de uma ave migratória que passa os invernos na África subsaariana e os verões no norte da Europa ou no noroeste da Rússia. E ela não perde tempo para ir de uma base temporária à outra — às vezes, conclui o trajeto em apenas 60 horas.

Esse é um dado tão impressionante que merece um pouco de contexto. Imagine que você é um ser humano no centro da África e seu objetivo é chegar ao centro-norte da Suécia o mais rápido possível. Uma opção seria viajar de ônibus ou carro até o Aeroporto Internacional Bangui M’Poko, na República Centro-Africana. De lá, você poderia pegar um voo da Ethiopian Airlines com escala em Adis Abeba e, depois, seguir até Estocolmo. Com um pouco de sorte, isso levaria cerca de um dia. Em seguida, ainda seria necessário tomar outro voo para o norte da Suécia, seguido de um trecho final de carro ou ônibus até o destino final. Na prática, estamos falando de no mínimo dois dias de viagem.

Por outro lado, a narceja-grande faz um voo direto, viajando dia e noite a velocidades de até 100 km/h — sem paradas, nem mesmo para beber água. Dependendo das condições, completa a jornada em 60 a 90 horas. Em outras palavras, provavelmente vence os humanos, com todos os seus meios modernos de transporte, em 10% a 20% das vezes (considerando cancelamentos, atrasos etc.). É realmente incrível.

Não por acaso, cientistas têm se dedicado a estudar a impressionante eficiência migratória da ave. A seguir, veja três razões científicas que explicam como a espécie consegue ir tão longe e tão rápido.

1. A narceja-grande sobe a altitudes extremas para se manter fresca e evitar o superaquecimento

Foto da narceja-grande, ave que pode voar por mais de 80 horas seguidas

A narceja-grande (Gallinago media) é uma ave limícola de porte médio, corpo robusto e plumagem intricadamente desenhada em tons de marrom, preto e branco, o que oferece camuflagem em áreas de campos e zonas úmidas. Os machos são um pouco menores que as fêmeas e se destacam pelas exibições de acasalamento, que envolvem batidas rápidas das asas e trinados vocais. Apesar do porte relativamente compacto — semelhante ao de um pombo —, essas aves estão entre os maiores atletas de resistência do reino animal.

Uma das adaptações mais notáveis para o voo é a capacidade de subir a grandes altitudes durante a migração diurna. Aves monitoradas foram registradas voando regularmente acima dos 6 mil metros de altitude, com um indivíduo chegando a impressionantes 8.500 metros. Por que voar tão alto? A resposta está no controle da temperatura corporal.

Em altitudes mais baixas durante o dia, a luz solar direta pode causar superaquecimento. Como as aves não suam e dependem da evaporação para se resfriar, o risco de desidratação durante voos ininterruptos aumentam. Ao subir para camadas mais frias da atmosfera, onde as temperaturas podem ficar bem abaixo de zero, a narceja-grande resfria o corpo naturalmente por convecção, economizando água e mantendo o bom funcionamento do organismo.

2. A narceja-grande voa mais alto durante o dia para evitar predadores

Foto da narceja-grande, ave que pode voar por mais de 80 horas seguidas

Outro fator que contribui para a notável performance migratória da ave é a capacidade de evitar predadores aéreos ajustando a altitude de voo conforme o horário do dia. Ao amanhecer, falcões como o de Eleonora e o peregrino caçam ativamente aves de pequeno e médio porte. Esses predadores costumam patrulhar altitudes abaixo dos 3 mil metros no momento em que suas presas voltam a voar após o descanso noturno.

Curiosamente, o ciclo diário de altitude da narceja reflete essa estratégia de gerenciamento de riscos. Depois de voar a altitudes mais baixas durante a segurança relativa da noite, ela sobe ao amanhecer, alcançando alturas que reduzem drasticamente as chances de predação. Então, com o pôr do sol e a queda na atividade dos predadores, as aves descem novamente para camadas de ar mais ricas em oxigênio e energeticamente mais eficientes. Esse padrão de voo não serve apenas para se manter fresca — é uma tática de sobrevivência.

3. Mudanças de altitude podem ajudar a narceja-grande a se orientar por marcos geográficos

Foto da narceja-grande, ave que pode voar por mais de 80 horas seguidas

Eficiência migratória envolve tanto resistência quanto orientação precisa. É aí que entra um terceiro fator: a necessidade do animal de se guiar por características da superfície terrestre.

Durante o dia, ao voar em altitudes mais elevadas, a narceja-grande obtém uma visão mais ampla e detalhada da paisagem abaixo. Essa perspectiva ampliada pode ser crucial para manter a direção certa, identificar marcos ecológicos importantes ou fazer ajustes na rota ao cruzar grandes regiões, como o Saara ou o Mediterrâneo.

Embora muitas aves se orientem pelas estrelas, pelo sol, pelo campo magnético da Terra ou até por odores, os marcos visuais continuam sendo relevantes. Ao subir durante o dia, a narceja-grande pode avistar rios distantes, linhas costeiras ou outros pontos familiares, o que contribui para uma navegação precisa ao longo de milhares de quilômetros. À noite, com a visibilidade reduzida, esses marcos ficam difíceis de identificar — então, não há razão para permanecer em altitudes mais elevadas e pobres em oxigênio. Assim, as aves descem para altitudes mais confortáveis e economizam energia.



[Fonte Original]

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