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Nesta segunda (7), é o Dia Mundial do Chocolate. Por trás do alimento que movimenta bilhões em consumo, há uma cadeia agroindustrial estratégica, que vai do pequeno produtor à indústria global. O objetivo da criação da data é valorizar o cacau como insumo agrícola estratégico.
Ele foi criado pela Organização Internacional do Cacau (ICCO, na sigla em inglês) em parceria com a Academia Francesa de Mestres Chocolateiros e Confeiteiros (Académie Française du Chocolat et de la Confiserie) e passou a ser celebrada oficialmente a partir de 2010.
Aqui estão 10 tópicos para entender o cacau como produto, mercado e negócio.
1. Do Brasil para o mundo: onde estamos no ranking global
O Brasil é o 7º maior produtor de cacau do planeta, atrás de potências africanas como Costa do Marfim e Gana. Em 2023, o país colheu cerca de 200 mil toneladas, com destaque para Bahia e Pará. Espírito Santo e Rondônia também avançam na produção, ampliando a distribuição geográfica da cacauicultura nacional.
2. Moagem concentrada: quem manda na transformação do cacau
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Secagem das amêndoas, última etapa no campo, antes do envio às moageirias
Quatro empresas concentram 95% da moagem de cacau no Brasil. Essas processadoras transformam as amêndoas em liquor, pó e manteiga de cacau, que abastecem a indústria de chocolates, biscoitos, achocolatados, bebidas lácteas e cosméticos. São elas:
Cargill (Estados Unidos)
Barry Callebaut (Suíça)
OFI – Olam Food Ingredients (Reino Unido/Singapura)
IBC – Indústria Brasileira de Cacau (Brasil)
3. O dinheiro da lavoura ao mercado
A base produtiva do cacau brasileiro é composta por cerca de 93 mil agricultores, em sua maioria pequenos produtores com áreas entre 5 e 10 hectares. Essa estrutura pulverizada sustenta uma cadeia que movimenta cifras significativas:
Valor Bruto da Produção (VBP): R$ 18 bilhões
Negócios totais na cadeia: mais de R$ 23 bilhões ao ano
Empregos gerados: cerca de 200 mil diretos e indiretos
Em 2024 e início de 2025, a cadeia foi impactada pelos preços recordes das amêndoas no mercado internacional, que chegaram a ultrapassar US$ 10 mil por tonelada, o maior patamar em mais de seis décadas.
Embora produtores brasileiros tenham recebido valores acima da média histórica, os ganhos foram desiguais: exportadores e processadores captaram parte relevante dessa valorização.
A alta nos preços elevou a pressão sobre a indústria, mas também reacendeu o debate sobre renda, remuneração justa e contratos de longo prazo no setor.
4. Na terra: como o cacau é cultivado no Brasil
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Sistema cabruca de cultivo de cacau
O Brasil combina diferentes sistemas produtivos, cada um com impactos econômicos e ambientais distintos. Essas práticas são chave para estratégias de sustentabilidade e recuperação ambiental. São elas:
Cabruca: cultivo sombreado sob vegetação nativa, comum na Bahia
Sistemas agroflorestais: consórcio com banana, cupuaçu e espécies florestais
Pleno sol: plantio com maior produtividade e menor cobertura florestal
5. O tempo da colheita: da fruta à amêndoa
Após a extração, as amêndoas passam por fermentação e secagem ao sol. Essas etapas definem atributos como sabor, acidez e aroma, com influência direta na qualidade final do chocolate. O cacau tem duas safras por ano:
6. O que pode (e o que não pode) ser chamado de chocolate
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Para ser chocolate é preciso ter cacau, a fruta do cacaueiro
De acordo com o MAPA e a Anvisa, para ser rotulado como “chocolate”, o produto deve conter mínimo de 25% de sólidos totais de cacau. Produtos abaixo do mínimo legal devem ser identificados como “cobertura sabor chocolate”.
Classificações específicas:
Chocolate ao leite: mínimo de 20% de sólidos
Chocolate branco: não leva massa de cacau, mas exige ao menos 20% de manteiga de cacau
7. O apetite global e o papel do Brasil no consumo
O mercado global de chocolate movimenta mais de US$ 130 bilhões ao ano, com liderança de consumo na Europa e América do Norte. Mas a Ásia tem o crescimento mais acelerado, especialmente na China e Índia. O Brasil ocupa posição de destaque:
5º maior mercado consumidor do mundo
Consumo médio: 3,5 kg por pessoa ao ano
8. Bean to bar e tree to bar: os chocolates de origem ganham mercado
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Início do processo determina se é bean ou tree to bar
Modelos alternativos ao chocolate industrial ganham relevância. Eles priorizam rastreabilidade, terroir e formulações com maior teor de cacau e menos açúcar, mirando um público de alto valor agregado. As modalidades são:
Bean to bar: o fabricante adquire diretamente as amêndoas e faz o processo artesanal
Tree to bar: o produtor cultiva, processa e fabrica o chocolate de ponta a ponta
9. Cacau e sustentabilidade: exigência crescente dos mercados
Com o avanço da regulação ambiental, o setor de cacau se adapta:
Adoção de certificações internacionais (Rainforest Alliance, UTZ, orgânicos)
Programas de compra direta com prêmio por qualidade
Investimentos em rastreabilidade e redução de impacto ambiental são cada vez mais exigidos por importadores, varejistas e consumidores.
10. O que vem pela frente: novas aplicações e fronteiras agrícolas
O setor tem se posicionado no radar de iniciativas ESG e mercados de carbono, com potencial para atrair novos investimentos. O cacau vai além do chocolate:
Presente em cosméticos, suplementos e bebidas funcionais
Expansão de linhas com alto teor de cacau e menos açúcar
Crescimento da produção em novas regiões, como o Centro-Oeste e o Sudeste, com uso de integração lavoura-floresta e acesso a financiamentos verdes