Países do Leste Europeu que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram neste ano a adoção de uma medida drástica para tentar conter as ambições territoriais da Rússia: a instalação de milhões de minas terrestres ao longo de mais de 3.500 quilômetros de fronteira com o território russo e de Belarus.
A decisão, que já foi tomada por Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, ocorre em meio ao temor de um possível avanço russo sobre a Europa, cenário que vem sendo analisado desde o começo da guerra iniciada pelo ditador Vladimir Putin contra a Ucrânia em 2022.
O novo plano de defesa envolve a saída coletiva desses países da Convenção de Ottawa, tratado internacional de 1997 que proíbe a produção, o armazenamento e o uso de minas antipessoais. Segundo informações do jornal The Telegraph, do Reino Unido, e da emissora DW, da Alemanha, a formalização dessa decisão já foi comunicada às Nações Unidas e permitirá que, a partir do final deste ano, as forças armadas desses países possam fabricar, estocar e, se necessário, distribuir minas terrestres nas áreas de fronteira.
O uso de minas volta ao centro do debate europeu diante da “ameaça existencial” representada pela Rússia. De acordo com Dovile Šakalienė, ministra da Defesa da Lituânia, “nosso ambiente de segurança se deteriorou fundamentalmente desde 2003”, quando o país assinou a Convenção de Ottawa. Ela destaca que “a Rússia não é parte da Convenção e continua a usar e estocar minas antipessoais de forma agressiva, colocando-nos em desvantagem estratégica”.
Os cinco países da Otan alegam que Moscou, mesmo sob sanções e condenações internacionais, nunca interrompeu a produção desses explosivos. O Kremlin, segundo dados citados na DW, possui o maior estoque de minas antipessoais do mundo, com cerca de 26 milhões de unidades, muitas das quais já estão sendo usadas em solo ucraniano.
Segundo os governos do Leste Europeu, a instalação efetiva dos dispositivos só ocorreria em caso de emergência militar, com sistemas modernos que permitiriam desativar as minas remotamente e alertar a população, minimizando riscos a civis.