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Cenários
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 35% sobre produtos canadenses representa mais um passo em sua escalada protecionista em meio à corrida eleitoral de 2026. O anúncio, feito na noite da quinta-feira (10), surpreendeu os investidores devido à forte interdependência comercial entre os dois países.
O Canadá é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, atrás apenas da China. É o fornecedor de produtos como energia e madeira até componentes industriais e insumos agrícolas. Com a nova tarifa, os preços desses bens tendem a subir, pressionando o índice de preços ao consumidor (Consumer Price Index, CPI), especialmente nos setores de construção civil, alimentos e manufatura.
Essa elevação de preços pode reverter o processo de corte de juros iniciado pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano, no segundo semestre de 2024. Agora, o FED poderá postergar cortes de juros ou, em um cenário mais adverso, voltar a considerar uma alta na taxa básica (Fed Funds).
A perspectiva já começou a ser precificada nos mercados futuros, com os yields dos Treasuries de 10 anos chegando a 4,39% no pré-mercado após vários dias de queda. Os índices de ações estão em baixa, com o S&P 500 e o Nasdaq Composite recuando cerca de 0,7% no pré-mercado. Além disso, o risco de retaliação por parte do governo canadense alimenta temores de uma guerra comercial bilateral, o que adiciona volatilidade aos ativos financeiros
Esse cenário complica a trajetória de flexibilização da política monetária brasileira. O ciclo de cortes da Selic iniciado em 2023 vinha perdendo força desde o segundo trimestre de 2025, e a recente alta do dólar, somada à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, podem levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a interromper os cortes ou até mesmo avaliar novas elevações da Selic.
Perspectivas
A tarifa de 35% imposta por Donald Trump sobre o Canadá inaugura uma nova fase de instabilidade nos mercados globais. Ao afetar diretamente os preços ao consumidor, elevar a expectativa de juros nos EUA e deteriorar o apetite por risco, a medida penaliza duplamente os países emergentes: por meio da saída de capitais e da desvalorização cambial.
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