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O presidente americano, Donald Trump, deu um ultimato à Rússia para que aceite um acordo de paz em até 50 dias. A iniciativa é uma grande mudança na sua postura diplomática e motivada especialmente pela decepção com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que não aceita oferecer uma trégua.
“Vamos adotar tarifas secundárias”, disse Trump. “Se não chegarmos a um acordo em 50 dias, é muito simples, elas serão de 100%.” Uma autoridade da Casa Branca disse que o presidente estava se referindo às tarifas de 100% sobre as exportações russas, bem como às sanções secundárias sobre outros países que compram suas exportações. As medidas também podem ser uma resposta interna, já que parlamentares de ambos os partidos políticos nos Estados Unidos estão pressionando por um projeto de lei que autorizaria as retaliações.
Durante a guerra de mais de três anos, os países ocidentais cortaram a maior parte de seus próprios laços financeiros com Moscou, mas evitaram tomar medidas que restringissem a Rússia de vender seu petróleo em outros lugares. Isso permitiu que o país do leste europeu continuasse ganhando bilhões de dólares com o embarque de petróleo para compradores como a China e a Índia.
Repercussão
O prazo de 50 dias foi recebido com alívio pelos investidores na Rússia, onde o rublo se recuperou das perdas anteriores e os mercados de ações subiram.
Trump voltou ao poder neste ano prometendo um fim rápido para a guerra. Segundo ele, Putin falava sobre paz, mas continuava atacando a Ucrânia. “Na verdade, tivemos provavelmente um acordo em quatro oportunidades. Só que ele não se concretizava, porque as bombas eram lançadas naquela noite e o Putin dizia que não estávamos fazendo nenhum acordo”, afirmou o republicano.
Desde que retornou à Casa Branca, Trump tem buscado uma reaproximação com Moscou, falando várias vezes com o presidente russo. Seu governo se afastou das políticas pró-ucranianas, como o apoio à adesão de Kiev à Otan e a exigência de que a Rússia se retire de todo o território ucraniano.
Mas até agora, Putin ainda não aceitou uma proposta de Trump para um cessar-fogo incondicional, que foi rapidamente endossado por Kiev. Nos últimos dias, a Rússia usou centenas de drones para atacar cidades ucranianas.
Ajuda à Ucrânia
Trump também comunicou nesta segunda-feira (14) que enviará novas armas para a Ucrânia, segundo ele, a leva tem um valor bilionário. “Vamos fabricar armas de primeira linha e elas serão enviadas para a Otan”, disse o presidente americano. O arsenal inclui mísseis de defesa aérea Patriot, que a Ucrânia tem buscado com urgência para defender suas cidades dos ataques aéreos russos.
“É um complemento completo com as baterias”, disse Trump. “Alguns dos países que têm Patriots vão fazer a troca e substituir os Patriots pelos que eles têm.” Algumas ou todas as 17 baterias encomendadas por outros países poderiam ser enviadas para a Ucrânia “muito rapidamente”, disse ele.
Mais cedo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, conversou com o enviado de Trump, Keith Kellogg.
O presidente da Ucrânia disse ter discutido “o caminho para a paz e o que podemos fazer juntos para aproximá-la”, incluindo “o fortalecimento da defesa aérea da Ucrânia, a produção conjunta e a aquisição de armas de defesa em colaboração com a Europa”.
Separadamente, Zelenskiy disse que substituirá seu primeiro-ministro de longa data, Denys Shmyhal, pela primeira vice de Shmyhal, Yulia Svyrydenko, em “uma transformação do Poder Executivo”. Sua nomeação exigirá aprovação parlamentar.
Svyrydenko, 39 anos, é economista e já atuou como ministra do Desenvolvimento Econômico e do Comércio e como vice-chefe do gabinete de Zelenskiy. Ela desempenhou um papel fundamental nas negociações entre Kiev e Washington sobre um acordo de minerais.
A Rússia, que iniciou sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022, detém cerca de um quinto da Ucrânia. Suas forças estão avançando lentamente no leste da Ucrânia e Moscou não mostra sinais de abandonar seus principais objetivos de guerra.