Alguém se lembra da frase do investidor bilionário e entusiasta do Bitcoin, Tim Draper, de que empresas que não possuem BTC são irresponsáveis? Pois é, atualmente muitas entidades têm seguido essa premissa à risca, incluindo a maior criptomoeda do mundo em seus cofres.
Contudo, para popularizar as “Tesourarias de Bitcoin”, estratégia conhecida como uma forma inovadora de reserva de valor, foi necessário que alguém assumisse a liderança: a Microstrategy, agora chamada Strategy.
Em 2020, seu cofundador, Michael Saylor, adotou essa nova estratégia de alocação de reservas em Bitcoin. Na época, ações MSTR saltaram de US$ 14 para US$ 90, e hoje suas ações valem mais de US$ 400.
Em seguida, surgiram empresas como a japonesa Metaplanet e a brasileira Méliuz. Além disso, diversos países, incluindo os EUA, estabeleceram suas próprias reservas estratégicas de Bitcoin.
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Além disso, projetos de leis importantes para o setor cripto estão avançando no Congresso dos EUA. O Senado aprovou recentemente a Lei GENIUS, específica para a regulamentação de stablecoins. Isso marca uma nova fase para o ecossistema de criptomoedas, aumentando ainda mais a confiança na economia das criptomoedas iniciada por Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin.
Mas por que tantas empresas estão comprando Bitcoin agora?
À medida que o Bitcoin se torna mais inserido em regulamentações, portfólios institucionais e narrativas financeiras, questões sobre sua falta de lastro em ativos estão se tornando menos relevantes. Vale lembrar que o dólar americano e a maioria das moedas fiduciárias no mundo também não o tem.
O Portal do Bitcoin levantou quais as empresas públicas da América Latina que possuem Bitcoin, com exceção das corretoras de criptomoedas, que por si só tendem a ter suas reservas de criptomoedas. Confira abaixo a lista:
Méliuz
A Méliuz, empresa de cashback listada na B3 sob o ticker CASH3, anunciou em março deste ano sua primeira compra de Bitcoin, alocando 10% do seu caixa na criptomoeda e se tornando a primeira empresa brasileira listada em bolsa a adotar a estratégia. Na época, a compra totalizou US$ 4,1 milhões (R$ 23,6 milhões), correspondentes a 45,72 bitcoins.
Desde então, a empresa vem aumentando seu estoque de BTC, enquanto suas ações vêm valorizando. No último dia 23, a Méliuz divulgou a compra de mais 275,43 bitcoins, tendo gasto US$ 28,61 milhões, e elevando o caixa em 595,67 BTC.
No ranking das principais empresas públicas com Bitcoin, organizado pelo site BitcoinTreasuries, a Méliuz aparece na 37ª posição, com 596 BTC, e é a maior detentora de Bitcoin da América Latina.
Mercado Livre (Argentina)
O Mercado Livre, companhia de origem argentina mas com forte presença no Brasil, possui atualmente 570,4 BTC, o que o coloca na 38ª posição do ranking das principais empresas públicas com Bitcoin na sua tesouraria.
Sua última compra de BTC foi revelada no relatório dos resultados do 1º trimestre de 2025, publicado pela companhia em maio deste ano.
De acordo com a empresa, a compra dos bitcoins faz parte de sua estratégia de tesouraria, pois o ativo virtual se encaixava no seu portfólio de ativos intangíveis de duração indefinida. Sua primeira compra de Bitcoin veio a público em maio de 2021, quando investiu US$ 7,8 milhões no BTC.
Vale lembrar que a Mercado Livre também mantém investe em Ethereum, mantendo 3,050 ETH em caixa.
Nubank
O Nubank não citou em seu último relatório financeiro que possui Bitcoin, mas em maio de 2022 a fintech comprou 1% do caixa da Nu Holdings em BTC em um processo que na época foi pouco transparente. A criptomoeda na ocasião era negociada entre US$ 30 mil e US$ 38 mil.
Diferentemente do que ocorre com empresas como a Microstrategy e a Metaplanet, por exemplo, que informam ao mercado qual o preço médio da aquisição e o período, o caso do Nubank ainda é pouco claro. A Nu Holdings é listada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) sob o ticker NU.
Globant
A Globant, empresa de serviços digitais argentina com sede nos EUA, é outra empresa que não cita Bitcoin em sua receita, mas durante o primeiro trimestre de 2021, a companhia adquiriu BTC, conforme descreve seu relatório financeiro registrado na SEC da época, já que a empresa também possui escritório em solo americano.
No BitcoinTreasuries, a Globant aparece com 15 BTC. A Globant é listada na NYSE sob o ticker GLOB.
Bitfarms (Argentina)
Embora sediada no Canadá, a Bitfarms, gigante de mineração de Bitcoin, foi fundada por argentinos e opera fortemente na América Latina. De acordo com dados do BitcoinTreasuries, a empresa possui 1.166 BTC. A Bitfarms é listada na Bolsa de Valores de Toronto (TSE) sob o ticker BITF.
Roxom Global (Argentina)
Conforme dados do Bitcointreasuries, a Roxom Global detém atualmente 98 BTC. No ranking das companhias não públicas da América Latina, a Roxom aparece na 13ª posição.
O projeto Bitcoin da Roxom Global está construindo uma bolsa de valores denominada em BTC e uma rede de mídia, RoxomTV, dedicada inteiramente à maior cripto do mundo. O projeto arrecadou um total de US$ 17,9 milhões entre os dois empreendimentos, segundo informações do CoinDesk.
Em resumo, se o boom das criptomoedas continuar, poderemos ver mais empresas nesse universo.