A Circle, empresa controladora da stablecoin USDC, anunciou nesta terça, 08, que a empresa HiFi Bridge aderiu a Circle Payments Network (CPN) e com isso vai conectar Brasil, EUA e Hong Kong por meio de remessas usando o USDC.
“A plataforma de API da HiGi impulsiona fluxos B2B e de remessas dos EUA para o Brasil e Hong Kong com liquidação de stablecoin. Sem atrasos. Sem configurações bilaterais. Apenas pagamentos com velocidade de internet”, destacou a empresa durante o anúncio.
Now Open on Circle Payments Network (CPN): US to Brazil and Hong Kong Payouts@hifibridge is now fully live on CPN.
Their API platform powers B2B and remittance flows from the US to Brazil and Hong Kong with stablecoin settlement built in.
No delays. No bilateral setups. Just… pic.twitter.com/kGqHM7TYSF
— Circle (@circle) July 8, 2025
Em outra parceria da Circle visando o mercado nacional, a empresa fechou uma aliança estratégica com a Matera para expandir o uso do USDC no Brasil.
De acordo com a empresa, a parceria vai permitir que mais de 280 instituições financeiras intregem o USDC. Assim, entre elas estão C6, Cielo, XP, PagBank e Claro, que já são clientes da Matera. Com isso, os clientes dessas empresas poderão abrir contas globais com stablecoin de forma simples, direto pelo app do banco.
Carlos Netto, CEO da Matera, destacou que a ideia é democratizar o acesso às stablecoins.
‘Queremos levar o USDC para quem nunca mexeu com cripto, mas deseja ter uma conta em dólar. É uma solução para as massas’, afirmou.
Além disso, a integração elimina a necessidade das instituições montarem estruturas no exterior. Dessa forma, os bancos poderão oferecer operações em dólar sem sair do Brasil, com custos menores e sem IOF.
‘Com um clique, o cliente abre uma conta global, sem precisar ter dinheiro parado. A estrutura já existe, e qualquer banco pode ativar isso’, explicou Netto.
Setor de remessas
No caso da parceria com a HiFi, a Circle mira o setor de remessas que em 2024, chegou a US$ 905 bilhões, um crescimento de 4,6% em relação ao ano anterior. A previsão é que esse número ultrapasse US$ 1 trilhão até 2029, conforme apontam análises do The Business Research Company e da plataforma Migration Data Portal.
Nos Estados Unidos, maior fonte global de remessas, o envio de recursos para a América Latina alcançou a marca de US$ 160,9 bilhões em 2024.
Segundo relatório da Visa, 69% dos remetentes já utilizam aplicativos digitais como principal canal, reflexo de um setor cada vez mais integrado à tecnologia.
O uso de apps também domina o recebimento, com 61% dos usuários preferindo essa modalidade. Ainda assim, o custo médio das transferências na América do Norte permanece elevado, girando em torno de 6,03%, conforme apontou a Barron’s.
A digitalização acelerada das remessas também tem atraído atenção do governo norte-americano. Propostas recentes no Congresso dos EUA buscam aplicar uma taxa de até 1% sobre as remessas internacionais.
Remessas no Brasil
No Brasil, o cenário é de estabilidade. Segundo dados do Banco Central e da Trading Economics, o país recebeu US$ 330 milhões em remessas em maio de 2025. Apesar da leve queda em relação aos US$ 355 milhões registrados em abril, o fluxo permanece dentro da média anual, que gira em torno de US$ 208 milhões por mês.
Ainda que o valor represente apenas 0,25% do PIB brasileiro, as remessas exercem papel essencial no orçamento de muitas famílias, especialmente em estados com grande número de migrantes retornados ou de comunidades que dependem do suporte de parentes no exterior.
Já em Hong Kong, ainda que dados específicos recentes sejam escassos, a tendência segue o padrão global. Como centro financeiro e polo migratório asiático, a região mantém fluxo constante de remessas, com forte adesão às plataformas digitais e custos médios ainda elevados, por volta de 6,6% do valor transferido.
A digitalização segue como a principal força transformadora do setor. A Juniper Research projeta que o volume de remessas digitais deve saltar de US$ 295 bilhões em 2021 para US$ 428 bilhões até 2025. Isso significa que, em breve, mais da metade do fluxo global poderá ocorrer via plataformas e carteiras digitais, reduzindo custos e aumentando a velocidade das transferências.