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terça-feira, julho 8, 2025

Cazuza e o drama de um artista lutando contra a Aids nos anos 1980

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Cazuza foi uma das primeiras pessoas famosas no Brasil a se expor como alguém que estava vivendo o drama da Aids. Numa época em que o diagnóstico da doença era quase uma sentença de morte, por causa da falta de tratamentos, o compositor de “O Tempo Não Para” reconheceu publicamente a sua condição e, em abril de 1989, gerou comoção ao aparecer de cadeira de rodas no hotel Copacabana Palace, no Rio, para participar da cerimônia de entrega do Prêmio Sharp de Música.

O artista, que morreu em julho de 1990, há 35 anos, soube que estava com Aids em 1987. Mesmo já sofrendo com os sintomas, ele gravou o disco “Ideologia” e fez shows em diversas capitais do Brasil. Em 1989, lançou o álbum “O Tempo Não Para”, gravado durante uma apresentação no Canecão, no Rio. Recheados de sucessos como “Faz parte do meu show”, “Brasil” e as faixas que dão nomes aos trabalhos, ambos os discos ultrapassariam a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

No Prêmio Sharp de 1989, já muito debilitado por causa dos efeitos da doença, pesando apenas 38kg, o poeta carioca de então 31 anos, que tinha saído do Barão Vermelho para se jogar na carreira solo em 1985, foi proclamado o dono da noite, recebendo três prêmios. O sucesso “Brasil”, na versão de Gal Costa, tema da novela “Vale Tudo”, foi eleito a Música do Ano e venceu também na categoria Melhor Música de Pop Rock. Além disso, “Ideologia” venceu na categoria Melhor Disco de Pop Rock.

Cazuza com Gal Costa, George Israel e o assistente Bené no palco do Prêmio Sharp — Foto: Antonio Nery/Agência O GLOBO

O evento aconteceu dias depois de a revista Veja publicar uma capa com a foto do compositor e a manchete dizendo: “Cazuza: uma vítima da Aids agoniza em praça pública”. Em um trecho inicial, a reportagem afirmava que “o roqueiro carioca nascido há 31 anos com o nome de Agenor de Miranda Araújo Neto definha um pouco a cada dia rumo ao fim inexorável”. A matéria gerou reação bastante crítica do próprio Cazuza, de seus familiares e de representantes da classe artística.

Nas três vezes em que subiu ao palco para receber seus prêmios, Cazuza foi empurrado na cadeira de rodas por Bené, seu assistente e cuidador, e acolhido por artistas como o saxofonista George Israel, co-autor de “Brasil”, e Gal Costa, que gravou a versão da música premiada naquela noite. O cantor emocionou o público ao dizer: “Estou vivo por causa do meu trabalho”. Em seguida, a atriz Marília Pêra leu um manifesto assinado por personalidades em desagravo ao cantor.

No dia seguinte, O GLOBO publicou uma carta do próprio Cazuza criticando a revista e dando sua visão sobre o estado em que se encontrava. “Não estou em agonia, não estou morrendo. Posso morrer a qualquer momento, como qualquer pessoa viva. Afinal, quem sabe com certeza o quanto ainda vai durar? Mas estou vivíssimo na minha luta, no meu trabalho”. Quatro dias depois, o jornal publicou o manifesto subscrito por dezenas de personalidades, como Alcione, Arnaldo Antunes, Beth Carvalho, Zico, Xuxa, Darcy Ribeiro e Chico Buarque.

Cazuza no Prêmio Sharp de 1989: "Estou vivo por causa do meu trabalho" — Foto: Antonio Nery/Agência O GLOBO
Cazuza no Prêmio Sharp de 1989: “Estou vivo por causa do meu trabalho” — Foto: Antonio Nery/Agência O GLOBO



[Fonte Original]

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