13.5 C
Brasília
quinta-feira, julho 3, 2025

Coreia do Norte enviará até 30 mil soldados para reforçar Exército russo no front da guerra, afirmam autoridades ucranianas

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

A Coreia do Norte deve triplicar o número de suas tropas que apoiam o Exército da Rússia nas linhas de frente da guerra na Ucrânia, enviando de 25 mil a 30 mil soldados adicionais, segundo uma avaliação de inteligência de autoridades ucranianas obtida pela rede americana CNN.

A avaliação da agência de inteligência da Ucrânia, segundo a CNN, destaca que o Ministério da Defesa da Rússia tem condições de fornecer “equipamentos, armas e munições necessários” para garantir “maior integração às unidades de combate russas”. Ainda segundo o documento, “há uma grande possibilidade” de que as tropas norte-coreanas participem de combates em regiões ocupadas pela Rússia, inclusive em operações ofensivas de larga escala.

As tropas, segundo o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul, devem chegar neste ou no próximo mês, somando-se aos 11 mil soldados enviados em novembro para apoiar a defesa da região russa de Kursk. De acordo com autoridades ocidentais, cerca de 4 mil desses norte-coreanos foram mortos ou feridos, mas a cooperação entre Pyongyang e Moscou só se intensificou desde então.

Há indícios de que aeronaves militares russas estão sendo reformadas para o transporte, sinalizando um esforço logístico de movimentar dezenas de milhares de soldados pela Sibéria Russa até a fronteira com a Coreia do Norte. Obtidas pela CNN, imagens de satélite mostram possíveis preparativos, como a chegada de um navio ligado às mobilizações do ano passado em um porto russo e aviões de carga no aeroporto de Sunan, em Pyongyang.

— Imagens de satélite mostram um transporte de tropas russo chegando a Dunai em maio e atividade no aeroporto de Sunan em maio e junho — disse Joe Byrne, analista sênior do Open Source Centre, que monitora inteligência de código aberto, à CNN. — Isso parece indicar que as rotas usadas anteriormente para transportar tropas estão ativas e podem ser usadas em qualquer transferência futura em larga escala.

Para Jenny Town, pesquisadora sênior do Centro Stimson, a estimativa de até 30 mil soldados soa “alta, mas eles certamente podem chegar a esse número”. Town avalia que entre 10 mil e 20 mil seja um número “mais realista”, possivelmente enviados em etapas.

— Não serão soldados de elite. Kim Jong-un disse que está totalmente envolvido, então depende do que a Rússia solicitar — afirmou a pesquisadora. — Há rumores de que generais russos já estiveram na Coreia do Norte treinando tropas.

Estima-se que a Coreia do Norte enviou cerca de 15 mil soldados para lutar na guerra desde o outono passado, com cerca de 4.700 baixas, incluindo 600 mortes.

O que diz Ucrânia e Rússia

Em Kiev, o ministro da Defesa Rustem Umerov afirmou que a Ucrânia monitora a ameaça e que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, corre o risco de colocar seu próprio governo em perigo ao expor tantas tropas às altas taxas de mortes na linha de frente

— O uso de tropas de elite norte-coreanas pela Rússia demonstra não apenas uma crescente dependência de regimes totalitários, mas também sérios problemas com sua reserva de mobilização — disse. — Juntamente com nossos parceiros, estamos monitorando essas ameaças e responderemos adequadamente.

Do lado russo, Sergei Shoigu, um dos principais conselheiros de Vladimir Putin, visitou Pyongyang em junho para negociar o envio de 5 mil operários norte-coreanos da construção civil para limpeza de minas e reconstrução de infraestrutura na região de Kursk, segundo a agência TASS.

Imagens e vídeos divulgados pela mídia russa reforçam a presença crescente de soldados norte-coreanos no front. Um vídeo mostra tropas norte-coreanas em abrigos subterrâneos nos arredores de Kursk, com cartazes escritos em coreano com a mensagem: “Vingança por nossos camaradas caídos”.

O vídeo de seis minutos mostra um instrutor militar russo declarando que os norte-coreanos com idades entre 23 e 27 anos chegam “fisicamente bem preparados” e, “como combatentes, eles não são piores que os nossos”.

A integração é cada vez mais evidente. No início, as tropas norte-coreanas atuavam em unidades separadas, mas novos vídeos mostram treinamentos conjuntos com soldados russos, como simulações de combate corpo a corpo e operações contra drones.

Analistas avaliam que, além do reforço de militares, a Coreia do Norte intensificou o fornecimento de armamentos: em 2024, Pyongyang já teria enviado pelo menos 100 mísseis balísticos e 9 milhões de projéteis de artilharia para Moscou. A CNN também obteve de um funcionário da diretoria de inteligência de Defesa da Ucrânia manuais de treinamento para a artilharia norte-coreana, traduzidos para o russo, um sinal tanto da ubiquidade das armas quanto da crescente interoperabilidade entre as forças armadas de Moscou e Pyongyang.

Para Jenny Town, a “dívida de sangue” fortalece os laços entre Kim Jong-un e Putin.

— Quanto maior a ‘dívida de sangue’ entre eles, mais a Coreia do Norte se beneficiará a longo prazo, mesmo que estejam fazendo sacrifícios a curto prazo — concluiu.

Kim Jong-un presta rara homenagem

Em uma demonstração inédita, Kim Jong-un prestou homenagem aos soldados do país mortos durante a guerra da Rússia com a Ucrânia, colocando as mãos sobre seus caixões, visivelmente emocionado. Trata-se de um raro reconhecimento público de que suas Forças Armadas sofreram fatalidades no conflito.

O evento, realizado no East Pyongyang Grand Theatre no último domingo, reuniu apresentações de artistas norte-coreanos e russos, além de imagens celebrando o pacto de defesa mútua firmado por Kim e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Pyongyang, em junho do ano passado.

Em abril, Putin e Kim confirmaram pela primeira vez o envio de soldados norte-coreanas, descrevendo-as como “heróis”. Kim também anunciou que um monumento será construído em Pyongyang para homenagear os soldados e flores serão depositadas diante das lápides daqueles que morreram — um marco do reconhecimento público do regime sobre suas baixas em combate.

Depois de negar por meses o envio de tropas para apoiar as forças russas na guerra, o regime norte-coreano agora busca transformar a participação no conflito em símbolo de vitória.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img