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quinta-feira, setembro 4, 2025

GCM invade teatro em ação da gestão Nunes – Revista Cult

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Na tarde desta terça-feira, dia 19, a Cia. Munguzá, grupo que administra o Teatro de Contêiner, localizado na região da Luz, em São Paulo, divulgou em seu perfil do Instagram uma série de vídeos, que começaram a circular rapidamente, mostrando uma ação truculenta da Guarda Civil Municipal, acompanhada pela Inspetoria de Operações Especiais, contra os atores e funcionários do Teatro. Em um deles, um agente da GCM imobiliza pelas costas e conduz para fora do recinto o ator Marcos Felipe. Em outro, veem-se agentes do Estado fazendo uso de spray de pimenta contra pessoas que resistiam no local.

A ofensiva da prefeitura de São Paulo contra a companhia é o mais recente desdobramento de um litígio entre o município e os artistas, que lutam pelo terreno onde se localiza o teatro desde 2017, como mostrou uma reportagem da Cult em junho deste ano. Segundo Marcos Felipe, ator, produtor e fundador do grupo, o terreno do número 43 da rua dos Gusmões era um espaço abandonado pela prefeitura, ocupado irregularmente por um estacionamento até 2016, quando a companhia passou a fazer uso do local, promovendo atividades culturais.

A história do Teatro de Contêiner, no entanto, começou a mudar no começo deste ano, com as novas políticas da prefeitura para a região da Cracolândia, cujo principal ponto de concentração ficava a poucos metros dali, na rua dos Protestantes. Em uma reunião realizada em janeiro com a administração do teatro, o secretário executivo de projetos estratégicos da gestão Nunes, Edsom Ortega, informou que a companhia teria de deixar o local.

No último dia 28 de maio, a prefeitura enviou ao Teatro de Contêiner uma notificação extrajudicial para desocupar o terreno em um prazo de quinze dias, alegando a necessidade de reavê-lo para a construção de moradia popular. Após o episódio, que provocou uma grande mobilização popular de artistas e entidades da sociedade civil pela permanência do Teatro de Contêiner, começou uma série de negociações com a prefeitura do município, que ofereceu ao grupo dois terrenos para a realocação de suas instalações, um na rua Helvétia, próximo à avenida São João; outro na rua Conselheiro Furtado, próximo ao Largo Sete de Setembro.

No entanto, segundo Marcos, ambos os terrenos ofertados pela prefeitura não poderiam receber a estrutura do teatro, seja pela dimensão dos lotes, seja por não levarem em conta a história e as necessidades práticas do teatro, reconhecido internacionalmente por sua arquitetura inovadora e sustentável. “Então, nós negamos as ofertas da prefeitura e propusemos seis outros locais. Todas as alternativas apresentadas foram negadas”, conta.

No último dia 6 de agosto, o subprefeito da Sé Marcelo Vieira Salles enviou ao teatro um ofício demandando novamente a desocupação do imóvel, desta vez em um prazo de quinze dias, que deve se encerrar na noite desta quinta-feira, dia 21. No entanto, segundo Marcos, com a determinação, a subprefeitura “desrespeita duas instituições: primeiro, o Ministério da Cultura, que pediu uma prorrogação do prazo em 180 dias para negociações; e o Ministério Público, que abriu um inquérito ainda em andamento por improbidade administrativa ligada ao caso contra o prefeito Ricardo Nunes”.

Marcos conta que, diante da violência promovida pela prefeitura nos últimos meses, que vai da a invasão do dia 19, ao corte do fornecimento de água do local, a companhia abriu a possibilidade de deixar o local, desde que a saída respeite alguns critérios, “entre eles a possibilidade de permanência até final do ano, para que possamos cumprir a nossa programação já agendada, e a oferta de alternativas que respeitem nossa arquitetura e nossa história”.

O ator conta que os membros da companhia se encontram em estado de vigília após a invasão da GCM. A União Estadual dos Estudantes de São Paulo marcou para hoje, às 18h30, uma assembleia estudantil no local em defesa da permanência do teatro. Em sua página no Instagram, a companhia divulgou que manterá sua programação cultural para o dia 21, quando vence o prazo de desocupação do local, com o show “Negras melodias”, que ocorrerá às 20h.



[Fonte Original]

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