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terça-feira, setembro 2, 2025

Crítica | Absolute Flash – Vol. 1: De Dois Mundos – Plano Crítico

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Depois que o Batman bombado, o Superman tecnológico e a Mulher-Maravilha demoníaca tiveram seus arcos iniciais encerrados no fenômeno de vendas batizado de Universo Absolute, é chegada a hora do início da história da nova versão do Flash nesse mundo criado a partir de Darkseid, com uma escolha de roteirista que, confesso, não esperaria para um projeto dessa monta, apesar de seu nome ser um dos mais importantes dos quadrinhos a partir dos anos 2000, ainda que muito mais para o lado autoral do que para o mainstream: Jeff Lemire. Aqui, o Flash principal – ou pelo menos o primeiro a ser mostrado – é o adolescente ruivo Wally West que, já no primeiro quadro, vemos correndo em velocidade impossível pelo deserto americano sem que ele nem o leitor entenda muito bem o que está acontecendo para além do básico. É um começo clássico in media res que faz bom uso da capacidade dos “Flashes” de viajar no tempo para trabalhar, em seguida, os flashbacks que tentam esclarecer o que está acontecendo.

Em linhas gerais, Wally ganha seus poderes em um acidente no Projeto Olimpo, comandado por Barry Allen e Eleonore Thawne, localizado no Forte Fox, uma base militar sob os auspícios do Coronel Rudy West, seu pai, em uma sequência de eventos que grita conveniência de roteiro, por transformar um laboratório supostamente secreto em um lugar em que qualquer um consegue entrar na hora que quiser (lembrou-me muito o  STAR Labs da série The Flash, aliás). Como a reação automática de Wally é fugir, ele passa, então, a ser perseguido pela nova versão da clássica Galeria de Vilões do Flash, ou seja, Capitão Frio, Patinadora Dourada, Capitão Bumerangue e Trapaceiro, com o Gorila Grodd, agora mais para um Mico Grodd, servindo de seu sidekick telepático. Claro que os vilões são chamados por seus nomes próprios e não pelas alcunhas acima, mas eu as usei apenas para situar a questão que é, também, o maior problema desse primeiro arco, ou seja, o foco de Lemire na inserção do maior número possível de personagens conectados à mitologia do Flash – e outros nem tanto -, no lugar de efetivamente contar uma história de origem do herói. Não que o roteirista precisasse contar uma história de origem, vejam bem, mas é a isso que ele se propõe, mas as informações vêm tão a conta-gotas que não seria injusto afirmar que, ao final da sexta e última edição de De Dois Mundos, não sabemos muito mais sobre o ocorrido do que aprendemos já na primeira edição.

Lemire faz como o Flash e corre desesperadamente para soltar nomes conhecidos dos leitores que, além dos já citados, tem Ralph Dibny e Linda Park e até mesmo, em uma única página, Jay Garrick e, ao que tudo indica, Eobard Thawne, além do Onda Térmica servindo de vilão momentâneo a certa altura. E isso sem contar com aqueles que são apenas aludidos aqui e ali no tumultuado laboratório de Allen e Thawne. Sei que arcos iniciais de versões novas de personagens conhecidos do público leitor de quadrinhos costumam sucumbir à tentação da bengala das referências  que abre espaço para o responsável pela arte reimaginar cada um dos personagens que é abordado pelo roteiro, mas, aqui, Lemire empolgou-se demais com sua “caixinha de areia” e se perdeu no espaço entre contar uma história e fazer um desfile de personagens, algo que conta até mesmo com uma última edição quase que completamente dedicada à formação da Galeria de Vilões que não acrescenta absolutamente nada ao arco que não pudesse ser contado de maneira mais orgânica, ao longo dos seis números.

E, já que abordei a arte, admito de Nick Robles fez um bom trabalho na recriação dos personagens, fincando seus pés um pouco mais na modernidade, ou seja, evitando uniformes espalhafatosos e fugindo de apetrechos básicos, como por exemplo transformando os bumerangues de Digger Harkness em drones que ele controla por meio de implantes e fazendo da Patinadora uma mulher com dupla amputação das pernas que ganha próteses cibernéticas. Talvez a exceção seja a Trapaceira (ou eu pelo menos acho que é uma mulher, pois a personagem foi desenhada com a androginia em mente, não tenho dúvida) que tem um capacete enorme que a destaca negativamente dos demais. Por outro lado, o restante da arte de Robles, que comanda quatro das seis edições do arco, é consideravelmente padrão, com um detalhe diferenciador, porém, que é o uso de “faixas” retangulares para indicar a velocidade de Wally, evitando o uso apenas dos já batidos raios elétricos. Por outro lado, o que ajuda de verdade nesse lado artístico são as cores vibrantes de Adriano Lucas, que só não coloriu a edição #5, dedicando-se ao vermelho e ao amarelo com vontade e se saindo muito bem nisso. A.L. Kaplan, na arte das edições #4 e 5, tem um estilo levemente mais cartunesco, mas a impressão que tive foi que ele recebeu instruções da DC Comics para não fugir muito do que já havia sido estabelecido por Robles.

De todos os primeiros arcos encerrados até agora no Universo Absolute, o dedicado ao Flash foi a única decepção verdadeira por ter Jeff Lemire escrevendo um roteiro que corre em círculos e que só serve mesmo para apresentar uma enxurrada de personagens conhecidos em suas versões “absolutas”. Tomara que, no arco seguinte, se Lemire continuar encarregado do projeto, o autor largue de lado os acessórios e foque no principal.

Absolute Flash – Vol. 1: De Dois Mundos (Absolute Flash – Vol. 1: Of Two Worlds – EUA, 2025)
Contendo: Absolute Flash #1 a 6
Roteiro: Jeff Lemire
Arte: Nick Robles (#1 a 3 e #6), A.L. Kaplan (#4 e 5)
Cores: Adriano Lucas (#1 a 3 e #5 e 6) , Chris Sotomayor (#4)
Letras: Tom Napolitano
Editoria: Ash Padilla, Marquis Draper (somente #1), Andrew Marino
Editora: DC Comics
Datas originais de publicação: 19 de março, 16 de abril, 21 de maio, 18 de junho, 16 de julho e 20 de agosto de 2025
Páginas: 168



[Fonte Original]

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