A iniciativa cripto Digital Currency Initiative (DCI), criado pelos laboratórios do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em 2015, nos EUA, anunciou nesta semana a formação do DCI Global, uma rede de pesquisa voltada a parcerias com universidades e organizações sem fins lucrativos dedicadas ao estudo e à educação sobre Bitcoin e outras criptomoedas. Em um marco de prestígio para o Brasil, a primeira colaboração será com a Universidade de Brasília (UnB).
O professor da UnB, Edil Medeiros detalhou como funciona o projeto ao Portal do Bitcoin. Natural de Brasília, Medeiros é engenheiro eletricista com mestrado e doutorado em Microeletrônica pela UnB, tendo realizado parte do doutorado na KTH Royal Institute of Technology, em Estocolmo, na Suécia.
Bitcoin começou como curiosidade
Professor da UnB há 14 anos, leciona cursos de Eletrônica, Computação e, mais recentemente, sobre Bitcoin, combinando experiência acadêmica e prática em tecnologias emergentes.
Ele contou à reportagem que seu interesse pelo Bitcoin começou como curiosidade em 2011, durante um grupo de estudos sobre economia austríaca na UnB. Apenas em 2023 ele passou a se aprofundar de forma séria, estudando o Bitcoin Core e posteriormente conhecendo os desenvolvedores do protocolo.
Segundo Medeiros, o Bitcoin ganhou espaço na UnB porque a instituição é bastante aberta a que os professores proponham e experimentem novos cursos. “O foco atual está praticamente todo em Inteligência Artificial e ninguém estava tratando do tema de criptomoedas de maneira mais sistemática, então foi uma iniciativa bem recebida entre meus colegas”, disse.
Com o endosso da professora Cláudia Abbas, foi criado então o Núcleo de Pesquisa em Blockchain e Tecnologias Afins – UnbChain. A iniciativa contou com a sua primeira contribuição, o curso “Protocolo Bitcoin”, que visa não só passar o básico, mas acelerar o processo de formação de jovens que miram contribuir com projetos open-source.
“É um curso único no mundo, que trata exclusivamente de Bitcoin e trata de várias minúcias que são geralmente consideradas como ‘detalhes de implementação’. Mas nesses detalhes reside toda a complexidade, as necessidades de manutenção e as oportunidades de melhoria do protocolo e da sua implementação”, explicou Medeiros.
A escolha da UnB pelo MIT
Perguntado como surgiu a oportunidade da UnB ser escolhida como primeira parceira do DCI Global, Medeiros disse que quem costurou a parceria foi Lucas Ferreira, fundador e diretor executivo da Vinteum. “[Ele] que tem sido um parceiro inspirador”, ressaltou o professor, acrescentando que Ferreira sempre manifestou o incômodo de que o ecossistema mundial do Bitcoin tem pouca interação com a academia.
“O Lucas me colocou em contato com a Neha Narula, diretora do MIT Digital Currency Initiative, um grupo que integra o mundialmente famoso MIT Media Lab. Em fevereiro deste ano nós fomos até o MIT e lá costuramos a seis mãos que iríamos perseguir uma rede de pesquisa que o MIT ofereceu em 2018, como uma forma de atrair talentos da academia para esta parceria. Como eu já iria ministrar novamente o meu curso de Bitcoin na UnB, resolvemos partir daí”, explicou.

Dessa forma, continuou Medeiros, “eu não diria que a UnB foi escolhida, mas que nós construímos (e estamos construindo) essa parceria em conjunto. Essa rede de pesquisa está sendo liderada pelo DCI, mas nós queremos que seja uma iniciativa mais orgânica do que planejada de cima para baixo”.
Sobre o apoio do MIT à UnB, o instituto trará especialistas internacionais para ministrar aulas, oferecerá participação remota a professores de outras instituições e disponibilizará os materiais do curso em licença open-source até o fim do ano, afirma Medeiros.
Design e engenharia de criptomoedas
Medeiros detalhou também sobre o curso da parceria MIT/UnB “Design e Engenharia de Criptomoedas”. Conforme explica, o objetivo é discutir por que as criptomoedas funcionam e não como elas funcionam – como explora em seu curso ministrado no ano passado.
Sendo assim, descreve Medeiros, o novo curso contará com:
1. Fundamentos: quais são os problemas que as criptomoedas tentam resolver e quais são as primitivas que permitem a decentralização do dinheiro.
2. Design de protocolos e tradeoffs: como os objetivos das criptomoedas se refletem nas suas diferentes arquiteturas e quais são as escolhas e restrições-chave.
3. Escalabilidade, privacidade e direções futuras: quais são as atuais limitações das criptomoedas e quais são as soluções que estão emergindo para resolvê-las.
“O foco é entender o Bitcoin e as stablecoins… Mas para isso vamos analisar soluções de outras criptomoedas para entender por que esses são os designs que realmente funcionam atualmente”, acrescenta.
Certificação, intercâmbio e expansão
Segundo Medeiros, o curso de Bitcoin na UnB é oferecido como disciplina optativa para alunos de engenharias e ciência da computação, mas pode ser pleiteado por estudantes de outras áreas, já que não há pré-requisitos formais. No MIT, o foco estará em estudantes de computação e em professores de outras universidades interessados em replicar a disciplina, sem abertura ao público externo.
Na UnB, os participantes recebem 60 horas de créditos, e já há iniciativas de intercâmbio: Medeiros visitará o MIT em outubro e, em novembro, um professor da instituição norte-americana dará uma aula em Brasília, com a expectativa de que, futuramente, sejam criadas condições de financiar a participação de alunos.
O professor acrescenta que a expansão do projeto para outras universidades brasileiras depende do interesse de colegas locais e já conta com ações de engajamento, como o Bitcoin Student’s Day, evento com workshops que teve edições na USP, Inteli e Unicamp e em breve será realizado na UFMG, sempre com apoio da Vinteum.
“A Vinteum não só uniu as pessoas como ajuda a encontrar o financiamento necessário para essas viagens e para alguma infraestrutura. Mas o Lucas tem o desejo de conectar mais o ecossistema do Bitcoin à academia, então tenho certeza que veremos outros frutos dessa busca no futuro”, finalizou.
Cursos gratuitos de Edil Medeiros
O professor Medeiros defende que a educação de alto nível precisa ser mais acessível e democratizada. Para isso, disponibiliza inúmeras aulas em seu canal no YouTube, alcançando estudantes não apenas de outros estados do Brasil, mas também de países africanos de língua portuguesa, que, segundo ele, relatam se beneficiar do conteúdo.
Entre os materiais oferecidos, destaca-se seu curso de Protocolo Bitcoin de 2024, que pode ser acompanhado gratuitamente pela plataforma.
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