A vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Michelle Bowman, disse a uma conferência de criptomoedas em Jackson Hole na terça-feira (19) que é a favor de permitir que a equipe do banco central possua pequenas quantidades de criptoativos, uma ideia que, se formalmente proposta, poderia alterar as regras internas do Fed e estimular o debate sobre como a instituição lida com ativos digitais.
A abordagem deve considerar permitir que a equipe do Federal Reserve “possua quantidades mínimas de criptomoedas ou outros tipos de ativos digitais”, disse Bowman ao público em um discurso preparado no Simpósio de Blockchain de Wyoming na terça-feira.
Bowman enquadrava a conversa como uma sobre o papel da tokenização na redução de fricções na transferência de ativos, destacando como a tecnologia poderia agilizar as mudanças de propriedade, reduzir custos e expandir o acesso aos mercados de capitais.
“É possível que possamos ver um ‘ponto de virada’ em que os processos em si estão bem estabelecidos e os marcos legais foram atualizados para permitir uma gama mais ampla de atividades baseadas na nova tecnologia”, explicou ela.
Um “desafio semelhante com as tecnologias blockchain” é que a adoção depende não apenas do progresso técnico, mas também de marcos legais e regulatórios acompanharem o ritmo com que os sistemas são usados na prática, observou Bowman.
“Estamos em uma encruzilhada: podemos aproveitar a oportunidade para moldar o futuro ou correr o risco de ficar para trás”, disse.
O sinal pró-cripto do Fed
Observadores de política e jurídicos em criptomoedas argumentam que os comentários de Bowman vão além da conversa do setor, carregando peso além do cenário do simpósio.
Suas observações “sugerem uma abordagem regulatória mais aberta e equilibrada” e “mostram o Fed passando da cautela para a curiosidade”, o que pode significar que os reguladores dos EUA estão confiando em um “entendimento prático acima da cautela pura”, disse Vincent Liu, diretor de investimentos da Kronos Research, ao Decrypt.
“As observações de Bowman não podem ser descartadas como mera retórica; elas representam um ponto de inflexão na abordagem regulatória dos EUA para cripto que não podemos mais evitar como país”, disse Andrew Rossow, advogado de relações públicas e CEO da AR Media Consulting, à Decrypt. “Eles desafiam não apenas o ‘como’, mas o ‘porquê’ da supervisão financeira”.
Tal postura demandaria “marcos legais rigorosos, debate público e ação legislativa mais eficiente para equilibrar a expertise prática com os mais altos padrões de integridade e confiança pública”, explicou Rossow.
No entanto, ele também adverte que a sugestão de Bowman levanta questões sobre conflitos de interesse.
“Os reguladores não podem realisticamente evitar o perigo de parcialidade percebida ou confiança pública diminuída se a equipe possuir diretamente, mesmo que em pequenas quantidades, ativos especulativos”, disse ele, acrescentando que a “exposição prática” e a propriedade direta de criptomoedas podem não ser o “único caminho eficaz para a competência regulatória”.
Rossow argumentou que episódios que vão desde a Enron até a Silk Road e a FTX mostram como crises repetidas expõem os perigos da “confiança cega no medo de abuso”, deixando clara a necessidade de lidar com sua importância duradoura. “As respostas estão bem diante de nós e são assustadoramente belas”, disse ele.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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