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quinta-feira, setembro 4, 2025

Beleza não tem idade: veja quem são as famosas que rebatem o etarismo com voz e coragem

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Eliana, de 52 anos, gerou repercussão nas redes sociais ao publicar um vídeo reunindo críticas que recebe com frequência sobre sua idade, corpo e aparência. No material, aparecem comentários como “engordou muito”, “tá velha”, “olha a barriga” e “está parecendo uma caveira”, frases que, segundo a apresentadora, ilustram a cobrança contraditória enfrentada por mulheres públicas em diferentes fases da vida. A publicação viralizou e reacendeu o debate sobre os padrões estéticos impostos às mulheres, o envelhecimento feminino e os impactos da violência verbal na saúde mental.

A discussão ganha ainda mais relevância em setembro, mês da campanha Setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida anualmente. A pressão estética, especialmente no ambiente digital, pode ser um dos fatores que intensificam o sofrimento psíquico, sobretudo quando acompanhada de críticas frequentes e exposição nas redes.

Para a psicanalista Jhulie Campello, o caso de Eliana evidencia uma questão social mais ampla: a dificuldade em lidar com a passagem do tempo, especialmente no corpo feminino.

— Na psicanálise, o corpo é entendido como o primeiro lugar de identidade. O envelhecimento da mulher toca em feridas coletivas, já que historicamente ela foi associada a ideais de beleza, juventude e fertilidade. Quando esse corpo envelhece, ele confronta a sociedade com a própria finitude e rompe um padrão ilusório de perfeição. Em vez de enxergar maturidade como potência, a mulher acaba reduzida à aparência, o que revela mais sobre o olhar social do que sobre ela mesma — explica.

Eliana não é a única figura pública a lidar com esse tipo de julgamento. Celebridades como Samara Felippo, aos 47 anos, que se orgulha dos fios grisalhos e declara: “Envelhecer é bom, é preciso ir encontrando novos prazeres”; Claudia Ohana, com 62, que diz com firmeza: “Você tem 60 anos e é sexy, faz sexo e paquera, sim”; e Xuxa Meneghel, aos 62, que defende uma imagem autêntica ao declarar “Minha imagem é minha imagem e faço dela o que eu quiser”, já passaram por ataques semelhantes e tornaram-se vozes ativas no combate ao estigma do envelhecimento feminino.

Susana Vieira, aos 82 anos, também tem se pronunciado contra o etarismo. Em entrevista, desabafou: “As pessoas não se conformam que uma mulher da minha idade ainda trabalhe, se divirta, tenha vaidade. Como se a vida tivesse prazo de validade”. Já Angélica, aos 51, refletindo sobre o amadurecimento, revelou: “Hoje me sinto segura, com histórias e aprendizados que me trouxeram até aqui.”

Segundo Jhulie, esse tipo de exposição pode afetar diretamente a autoestima e a percepção de identidade.

— Na psicanálise, chamamos de ‘olhar do outro’. Pessoas públicas estão constantemente sob esse olhar. Comentários depreciativos podem fragmentar a identidade, minando o senso de valor pessoal. A crítica repetida leva a pessoa a se enxergar pela lente do julgamento, o que pode gerar um sentimento de vazio — esclarece.

A especialista também alerta para a diferença entre opinião e violência. — Opinião é a expressão de uma crença. Mas quando há intenção de ferir, controlar ou diminuir, não é mais opinião, é violência. A palavra tem peso: pode construir, mas também destruir — pontua.

Um estudo da Universidade de Calgary, publicado em 2023, revelou que vítimas de cyberbullying têm o dobro de risco de desenvolver sintomas de depressão e ansiedade. A pesquisa reforça os alertas do Setembro Amarelo sobre os efeitos do sofrimento psíquico intensificado pela internet.

— O bullying virtual amplifica o sofrimento por invadir o espaço íntimo: a agressão chega pela tela, a qualquer hora. Isso intensifica sentimentos de inadequação, solidão e desesperança. Quando acumulados, podem ser gatilhos para crises emocionais graves, inclusive ideias suicidas — detalha Jhulie.

Ela destaca a importância de buscar ajuda ao notar sinais de adoecimento emocional.

— Alguns sinais são claros: perda de prazer em atividades cotidianas, isolamento, autodepreciação recorrente, distúrbios do sono ou da alimentação. Quando a crítica externa começa a moldar a autoimagem de forma negativa, é sinal de que a psique está em sofrimento. O suporte psicológico se torna essencial — orienta.

No campo da psicanálise, o tratamento busca ressignificar a relação com o corpo e a imagem pessoal.

— O objetivo é que a pessoa se reconcilie com sua verdade interna, em vez de viver a partir do olhar do outro. É um processo de reconhecer a dor, compreender que muitas críticas são projeções da fragilidade alheia, e reconstruir a autoestima com base em valores internos. Transformar a experiência em potência é a construção possível — conclui.

[Fonte Original]

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