Pequenas, salgadas, intensas e com um toque de acidez, as alcaparras são um clássico da culinária mediterrânea, tipicamente usadas para dar um toque de sabor a diversos pratos. Geralmente são conservadas em sal ou vinagre, o que realça seu sabor e significa que devem ser consumidas com moderação. Por trás de seu alto teor de sódio, no entanto, escondem um perfil nutricional interessante, com antioxidantes e compostos bioativos como a quercetina e a rutina, com propriedades benéficas à saúde.
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Alcaparras são os botões florais comestíveis de Capparis spinosa, um arbusto semilenhoso nativo da região mediterrânea, que cresce em áreas áridas, encostas e encostas ensolaradas, em solos calcários e margosos. Com o tempo, seu cultivo se espalhou para muitas regiões secas e quentes do mundo, incluindo partes da Austrália e da América do Sul.
Sua morfologia varia dependendo do tipo específico e das condições de cultivo. Normalmente, não atingem mais de 50 centímetros de altura, com flores com pétalas brancas ou rosadas e anteras e espinhos violetas de até um centímetro de comprimento, o que as torna difíceis de colher.
As alcaparras são baixas em calorias e gorduras (principalmente insaturadas) e ricas em fibras, vitaminas (A, E e C) e minerais (cálcio, potássio, ferro, magnésio e sódio). Elas também contêm compostos bioativos, como flavonoides e polifenóis, que são muito benéficos para a saúde, pois reduzem a inflamação e melhoram a saúde cardiovascular, observa Raúl Sandro Murray, ex-presidente da Sociedade Argentina de Nutricionistas.
Benefícios para a Saúde
Embora grande parte das evidências científicas sobre os benefícios do consumo de alcaparra seja baseada em estudos in vitro e em animais, além de revisões sistemáticas, e as evidências em humanos ainda sejam muito limitadas, seu uso na medicina popular tem uma longa história. Milagros Sympson, nutricionista, menciona que, em diferentes culturas, esta planta — incluindo os frutos, raízes e folhas — tem sido usada para tratar (não exclusivamente, mas como parte de um tratamento) tudo, desde dores de cabeça, febre e problemas de pele até infecções gastrointestinais, distúrbios hepáticos e renais e diabetes.
Estes são os benefícios destacados do consumo de alcaparras, com base nas evidências disponíveis.
1. Fonte de Antioxidantes
De acordo com pesquisas publicadas pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), as alcaparras são especialmente ricas em antioxidantes como a quercetina e a rutina, dois compostos amplamente estudados por sua capacidade de aliviar inflamações, promover a cicatrização e manter níveis saudáveis de glicose no sangue.
2. Possíveis propriedades antidiabéticas
Embora mais pesquisas sejam necessárias, alguns estudos publicados no NIH sugerem que as alcaparras podem ter propriedades benéficas para o diabetes. Uma revisão identificou que certos compostos presentes nas alcaparras podem ajudar a melhorar a regulação da glicose, facilitando sua absorção pelos tecidos, reduzindo a absorção de carboidratos e protegendo as células pancreáticas produtoras de insulina.
Outro estudo, realizado com 30 pessoas com diabetes, mostrou que o consumo de um tônico contendo extrato de alcaparra três vezes ao dia ajudou a prevenir aumentos nos níveis de glicose e triglicerídeos. Da mesma forma, um estudo anterior com 54 pessoas descobriu que 400 mg de extrato de alcaparra três vezes ao dia durante dois meses melhorou significativamente os níveis de glicemia em jejum e o controle glicêmico a longo prazo, em comparação com o grupo controle.
3. Pode influenciar a regulação dos canais KCNQ
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, Irvine, com o apoio do NIH, descobriram que a quercetina — um flavonoide presente em altas doses nas alcaparras — pode ativar os canais de potássio da família dos genes KCNQ, essenciais para o bom funcionamento de diversos processos fisiológicos relacionados ao coração, cérebro, pâncreas, sistema digestivo e glândula tireoide. Sua disfunção está associada a doenças comuns como diabetes, arritmias cardíacas e epilepsia.
O estudo revelou que a quercetina do extrato de alcaparra tem a capacidade de modular os canais KCNQ, regulando diretamente a forma como eles detectam a atividade elétrica na célula.
Ao comprar alcaparras, é fundamental prestar atenção aos rótulos para identificar sua origem e modo de preparo. É sempre uma boa ideia escolher as opções mais naturais. Para isso:
- Escolha aquelas com menor teor de sódio por porção, pois algumas alcaparras em conserva fornecem quase 9% do valor diário recomendado em apenas uma colher de sopa.
- Evite conservantes e corantes artificiais.
- Lave-as antes de comer, pois mesmo as alcaparras de melhor qualidade tendem a conter excesso de sal.
Murray recomenda o consumo de no máximo 20 gramas por dia e alerta que pessoas com pressão alta devem limitar o consumo, pois, embora o sódio seja necessário para muitos processos fisiológicos, o alto consumo pode aumentar a pressão arterial, especialmente em pessoas sensíveis a esse mineral.