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quarta-feira, setembro 3, 2025

Guterres pede que voz de Papua-Nova Guiné seja ouvida na COP30, no Brasil

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Papua-Nova Guiné recebeu, pela primeira vez, um secretário-geral da ONU. Ao discursar no Parlamento, António Guterres enfatizou que a nação insular do Pacífico tem muito a ensinar ao mundo sobre multilateralismo e ação climática.

Ele lembrou que Papua-Nova Guiné abriga dois em cada três cidadãos do Pacífico, uma região extremamente afetada pelas mudanças do clima.

Papel pioneiro

O líder da ONU afirmou que o país teve um papel “pioneiro” no debate sobre a elevação do nível do mar.

Segundo Guterres, essa liderança, especialmente dos jovens, contribuiu com o histórico parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça, emitido em julho, sobre a obrigação dos países de combater a crise do clima.

O chefe das Nações Unidas disse que a voz de Papua-Nova Guiné será novamente fundamental durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP30, em Belém, no Brasil.

O país oceânico abriga 7% da biodiversidade mundial e alguns dos maiores recifes de corais e florestas tropicais do planeta. Guterres lembrou que a nação insular não contribui para as mudanças climáticas e é inclusive um “sumidouro de carbono”.

Ocean Image Bank/Amanda Cotton

Um recife de coral em Papua Nova Guiné

Mudança radical no financiamento climático

O secretário-geral disse que as 20 maiores economias do mundo, o G20, têm uma “responsabilidade especial” no momento atual.

Guterres ressaltou que organizará um evento em Nova Iorque, no final deste mês, onde todas as nações signatárias do Acordo de Paris precisam apresentar novos planos climáticos.

Ele disse que é hora de pressionar por uma “mudança radical” no financiamento climático. Isso incluiria contribuições “significativamente maiores” para o novo Fundo de Resposta a Perdas e Danos, estabelecido 2023 na COP28, em Dubai, Emirados Árabes.

Para ilustrar como as contribuições atuais são “tímidas”, Guterres lembrou que na primeira conferência de doadores do fundo, o valor arrecadado era equivalente ao contrato do jogador de basquete americano mais bem pago daquela temporada.  

Ele defendeu formas inovadoras de financiamento, como taxas sobre combustíveis fósseis, transporte marítimo, dentre outras. A meta é que sejam criadas condições para que países como Papua-Nova Guiné tenha recursos suficientes para enfrentar os impactos negativos das mudanças climáticas.

Lição poderosa de diálogo e respeito

O secretário-geral enfatizou que outra “lição poderosa” do país oceânico é a capacidade de “forjar consenso por meio do diálogo” para construir uma nação única a partir de muitas tradições, ilhas e línguas.

Ele elogiou os papuásios como defensores do multilateralismo e de soluções internacionais, um “espírito” que considera ser “urgentemente necessário no mundo atual”.

O último sábado marcou o vigésimo quarto aniversário do Acordo de Paz de Bougainville, um conflito que deixou cicatrizes profundas no país.

Guterres enfatizou que por mais de duas décadas, Papua-Nova Guiné e Bougainville, uma região autonoma que está prestes a realizar sua quinta eleição, mantiveram o caminho da paz, “por meio do diálogo, da perseverança e do respeito mútuo”.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed (centro à direita), participa de uma marcha em apoio ao Dia Internacional da Mulher em Port Moresby, na Papua-Nova Guiné.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed (centro à direita), participa de uma marcha em apoio ao Dia Internacional da Mulher em Port Moresby, na Papua-Nova Guiné.

Apoio da ONU

O Fundo de Consolidação da Paz das Nações Unidas apoiou o desarmamento, o Referendo de 2019 e o trabalho do moderador independente em estreita parceria com os governos de ambas as partes.

Em Papua-Nova Guiné, a ONU também está investindo em esforços para resolver conflitos, envolver os jovens, e apoiar pessoas deslocadas internamente além de projetos em saúde e agricultura sustentável.

Com uma população de 11,8 milhões de pessoas, o arquipélago com mais de 600 ilhas tem a maior diversidade linguística do mundo, com cerca de 850 idiomas indígenas registrados.

*Felipe de Carvalho é redator da ONU News.

[Fonte Original]

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