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segunda-feira, setembro 15, 2025

Crítica | Transformers (2023) – Vol. 4 – Plano Crítico

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  • Há spoilers. Leiam, aqui, todas as críticas do Universo Energon.

O quarto arco de Transformers pela Skybound/Image será, pelo menos pelo futuro próximo, o último a contar com roteiros de Daniel Warren Johnson, que passará o bastão para Robert Kirkman a partir da 25ª edição da série, o que de antemão não vejo com bons olhos dado o trabalho mediano de Kirkman em Void Rivais, parte do Universo Energon, mas que, claro, não tenho como julgar de verdade por enquanto, sem nem dar uma chance ao material que está por vir. Seja como for, pode-se dizer que Johnson fecha um grande círculo narrativo ao lidar eminentemente com o retorno de Megatron à liderança dos Decepticons, dedicando a primeira das seis edições do arco a um flashback com o vilão que conta com arte de Ludo Lullabi e cores de Adriano Lucas, e as cinco seguintes à história no presente, já com a equipe artística tradicional formada por Jorge Corona e Mike Spicer.

E, diferente do que havia previsto ao final de minha crítica ao arco anterior, Johnson não tentou aumentar a escala, complicar ainda mais sua já vasta história ou introduzir novos personagens relevantes. Foi uma escolha mais do que acertada, vale dizer, mostrando total responsabilidade narrativa, pois ao deixar a história estabilizar-se, o roteirista conseguiu espaço suficiente para lidar com Megatron sem precisar pegar atalhos. Vemos um misterioso julgamento do personagem em um passado anterior ao começo da guerra em Cybertron, em que ele precisa se provar para uma entidade que o tortura por meio de lutas gladiatoriais para, ao final, receber uma versão sombria da Matriz da Liderança cujo real poder não é ainda revelado, mas que cria um enigma a ser destrinchado futuramente. O real filé mignon do arco, porém, é mesmo no presente, em que a crueldade de Megatron o leva a torturar Starscream por sua traição, além de lidar com um vingativo Astrotrain. Johnson refestela-se nessa maldade robótica e constrói uma personalidade perversa para o grande vilão que, por vezes, sai um pouco da linha e arrisca uma caricatura de personagem.

Johnson também não dá trégua para os Autobots que apanham constantemente como bois ladrões, com a Humanidade – que percebe finalmente que há robôs bons e maus – sofrendo tremendamente no fogo cruzado em uma escala imensa, com os G.I. Joes já mais do que tragados para o centro do conflito, mesmo que ao mesmo tempo mantido à distância. Essa representatividade dos Joes ganha rosto e forma na apresentação do pacifista Doc (Carl Greer), médico da equipe, que logo percebe que precisa ajudar os Autobots de maneira mais humana do que o General Flag vem fazendo. No seio dos Autobots, porém, a coisa vai muito mal, mesmo que o pouco Energon que eles ainda têm vá para a ressuscitação da “equipe aérea” formada por Silverbolt, Slingshot, Air Raid, Fireflight e Skydive que, reunidos, transformam-se no gigantesco Superion, de maneira a permitir um mínimo de equilíbrio na pancadaria metálica.

Optimus Prime, envenenado pelo uso do braço de Megatron e ainda tendo que lidar com sua matriz corrompida, tem uma experiência espiritual, por assim dizer, em que ele se encontra com ninguém menos do que o próprio Spark ajudando-o a navegar seu retorno de um coma preocupante que quase o leva a passar adiante sua liderança, algo que é interrompido pelos esforços de Spike que faz a conexão entre o mundo exterior e o interior. É uma tentativa diria estranha de criar uma conexão maior entre humanos e robôs, mas a absorção de Spark para a matriz tinha que resultar em alguma coisa e é o que temos para hoje, por assim dizer. O que realmente me espantou foi que a presença de Megatron, apesar de servir para reunir as duas facções rivais dos Decepticons, como já era esperado, teve pouco efeito prático no que diz respeito aos seus rivais Autobots. Sim, a pancadaria come solta e sim, há perdas, mas senti um pouco como o cachorro correndo atrás do rabo, como se Johnson estivesse enrolando um pouco para abrir caminho para a chegada de Kirkman aos roteiros.

Se a arte de Ludo Lullabi ao lado da cores de Adriano Lucas não enchem os olhos, por ser limpa demais para o tipo de pegada que Johnson vem imprimindo desde o primeiro número da HQ, quando Jorge Corona e Mike Spicer assumem novamente os desenhos e cores a partir da edição #20, tudo volta ao seu esplendor gráfico em que os traços grossos e inacabados imperam, ajudando tremendamente a criar o tipo de visual que vende perfeitamente a ideia de sacrifício dos enormes seres cibernéticos. Não há, aqui, a mega-escala do arco anterior em que dois imensos Transformers “combinadores” lutam, mas mesmo assim Corona dá um show de visceralidade destrutiva que foi o que realmente permitiu que essa HQ florescesse como floresceu, pelo menos em minha percepção. Será interessante ver se a substituição de Corona por Dan Mora a partir da edição #25 quebrará essa característica da publicação.

Apesar de o arco talvez não ter realizado todo o potencial que tinha, é inegável que Daniel Warren Johnson fez um estupendo trabalho à frente de Transformers, chegando a um encerramento muito sólido que só trará dificuldades para a próxima equipe, agora que há um público cativo esperando esse mesmo tipo de abordagem narrativa e visual para o material. Mas, claro, mudar é da essência dos quadrinhos mensais nos EUA e, diria, essa é uma característica que, por mais vezes que posso lembrar, trouxe grandes surpresas para material já consolidado. Portanto, só nos resta aguardar para ver o que vem por aí nesse título tão surpreendente do Universo Energon.

Transformers (2023) – Vol. 4 (EUA, 2025)
Contendo: Transformers (2023) # 19 a 24
Roteiro: Daniel Warren Johnson
Arte: Ludo Lullabi (#19), Jorge Corona (#20 a 24)
Cores: Adriano Lucas (#19), Mike Spicer (#20 a 24)
Letras: Rus Wooton
Editoria: Ben Abernathy
Editora: Skybound (Image Comics)
Datas originais de publicação: 09 de abril, 14 de maio, 11 de junho, 09 de julho, 13 de agosto e 10 de setembro de 2025
Páginas: 144



[Fonte Original]

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