O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou planos de se encontrar com Donald Trump em Nova York nesta terça-feira (23), após insinuar que seu país está em negociações para conter a queda nos mercados e evitar uma crise da dívida.
O encontro com o presidente dos Estados Unidos refletirá “a sólida relação bilateral” entre os dois países e um compromisso mútuo de aprofundar os laços estratégicos, disse a Casa Rosada por meio de comunicado.
A Argentina busca manter o rumo para cumprir cerca de US$ 9,5 bilhões em pagamentos de dívida que vencem no próximo ano e conter a desvalorização do peso, tendo injetado US$ 1,1 bilhão no mercado cambial ao longo de três dias nesta semana para evitar uma desvalorização que comprometeria o plano de estabilização do presidente.
Questionado nesta sexta-feira se espera ajuda do Tesouro dos EUA, Milei disse que a Argentina tem trabalhado em estratégias para garantir o pagamento da dívida no próximo ano.
“Essas negociações levam tempo e não fazemos anúncios até que estejam confirmados”, disse Milei em uma entrevista, sem mencionar o Departamento do Tesouro americano. “Mas estamos trabalhando muito, estamos bastante avançados, e é uma questão de tempo também.”
Após visitar a Argentina em abril, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse a um grupo privado de investidores que os EUA poderiam considerar o uso do seu Fundo de Estabilização Cambial para apoiar seu aliado sul-americano. O Tesouro não comentou publicamente sobre essa possibilidade desde então.
Os investidores têm retirado dinheiro da segunda maior economia da América do Sul em ritmo acelerado desde que Milei — um aliado fiel de Trump — sofreu uma derrota nas eleições locais em 7 de setembro, aumentando as apostas para as eleições legislativas de meio de mandato em outubro. Uma nova derrota pode desperdiçar a chance de Milei conquistar apoio suficiente no Congresso para aprovar seus planos econômicos.
A queda dos ativos argentinos provocou uma intervenção do governo para manter o peso dentro de uma faixa de câmbio estabelecida como parte de um empréstimo de US$ 20 bilhões que o país recebeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) este ano.
Um escândalo envolvendo a irmã do presidente, Karina Milei, e cortes drásticos nos gastos têm afetado negativamente a popularidade de Milei, mesmo com seu governo tendo conseguido reduzir a inflação de 289% no ano passado para 34% atualmente.
Trump e Milei estarão em Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. Trump discursará na terça-feira e Milei na quarta.