“Se 5% não está para lá do pleno emprego, eu não sei quando o Brasil esteve próximo do pleno emprego”, afirmou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em entrevista coletiva para detalhar o Relatório de Política Monetária (RPM) de setembro, divulgado nesta quinta-feira. “É a taxa mais baixa da série histórica, com renda na máxima, importações batendo recordes”, citou.
O chamado “índice de miséria”, que é a soma da inflação com a taxa de desemprego, deve terminar 2025 no melhor ano desde o Plano Real, disse Galípolo, observando, inclusive, que a taxa de desemprego está próxima da de inflação. “A gente está com desemprego surpreendentemente positivo”, afirmou.
Segundo Galípolo, mesmo com uma taxa de juros de 15%, “praticamente gabarita no livro-texto as condições de contorno para ter feito elevação e manter a taxa de juros em condições contracionista”.
Ele disse que “conforto” nunca deve ser uma boa palavra para a situação da política monetária, mas afirmou que o quadro “dá mais convicção de que o caminho é esse mesmo”.
“É importante que essa boa performance que se viu nos últimos anos da atividade e do mercado de trabalho seja preservado. Como é preservado? Preservando a renda do trabalhador. Como preserva a renda do trabalhador? Colocando a inflação na meta”, afirmou.
O presidente do BC destacou a importância do momento atual de manutenção de juros, comparando com o período anterior de alta.
“A gente tinha bastante clareza de que, talvez, este momento seja até mais complexo do ponto de vista de visão para o nosso trabalho do que a própria elevação da taxa de juros”, disse.
“Chegamos ao patamar em que interrompemos o ciclo de alta. Este é um cenário que propõe, sim, desafios do ponto de vista de explicar o nosso trabalho para a população em geral”, afirmou.
O presidente do BC afirmou que há divergência sobre como os preços atuais estão refletindo o cenário mais adverso e incerto no Federal Reserve (Fed). Ele foi questionado sobre a discussão em torno da autonomia da autoridade monetária americana, em meio à decisão do presidente Donald Trump de demitir a diretora do Fed, Lisa Cook.
“A gente assiste quando participa de reuniões com representantes com investidores e BCs internacionais sobre como os preços estão reagindo a essa incerteza ou até cenário mais adverso do ponto de vista institucional, críticas aos Fed”, comentou, ao reforçar que ainda há divergências sobre o tema.