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A Embraer anunciou nesta quinta-feira (25) que vai acelerar estudos para que suas aeronaves possam voar com combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês)inteiramente de origem renovável, sem mistura com combustíveis fósseis.
A companhia afirmou em comunicado à imprensa que comprou um lote 100% SAF da empresa de combustíveis Vibra, que será usado para intensificação de testes “em torno da reação de diferentes materiais presentes nos aviões durante o contato prolongado com o biocombustível”.
“Com mais esta ação, ficamos mais próximos da meta de ter nossas aeronaves aptas a operar com combustível 100% SAF até 2030”, disse o diretor global de ESG da Embraer, André Tachard, no comunicado. Atualmente, as aeronaves da fabricante brasileira são compatíveis com mistura de até 50% de SAF.
O combustível usado nos testes pela empresa no Brasil é importado da Bélgica, afirmou a Embraer.
Segundo a companhia brasileira, o SAF tem potencial para reduzir emissões de carbono na indústria aeroespacial em até 80% ante o combustível tradicional.
SONHO DISTANTE
Reportagem da Reuters publicada no final de agosto apontou que quase 20 anos depois que o primeiro voo comercial abastecido parcialmente com biocombustíveis fez o curto trajeto de Londres a Amsterdã, os planos do setor aéreo de se tornar “verde” antes que reguladores comecem a penalizar companhias aéreas são pouco mais do que um sonho distante.
Embora as companhias aéreas tenham anunciado 165 projetos SAF nos últimos 12 anos, apenas 36 foram concretizados, segundo dados compilados pela Reuters, em meio a desafios sistêmicos que assolam o setor de SAF.
Dos projetos restantes, 23 foram abandonados, 27 estão atrasados ou em espera indefinida, 31 ainda não produziram nenhum combustível e 4 são acordos de crédito SAF, nos quais nenhum combustível físico é entregue. Para os outros 44 projetos, a Reuters não conseguiu encontrar nenhuma atualização pública desde seus anúncios iniciais.
No momento, o SAF custa de três a cinco vezes mais do que o combustível de aviação e alguns executivos de petrolíferas argumentam que a demanda das companhias aéreas é limitada pelos preços atuais.
A aviação é responsável por 2,5% das emissões globais de gases que aquecem o planeta, como o dióxido de carbono. Esse número deve aumentar diante de previsões de que o tráfego aéreo vai mais do que dobrar em relação aos níveis de 2019 até 2050 e o uso de combustível aumente 59%, de acordo com o grupo de defesa ambiental Transport & Environment (T&E).