O governo socialista da Espanha, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (8) um pacote de sanções com nove pontos contra Israel. As medidas, que incluem o embargo de armas e a proibição do trânsito de navios e aeronaves com destino ao país que combate o grupo terrorista Hamas no Oriente Médio foram justificadas por Sánchez como resposta ao que chamou de “genocídio em Gaza”.
Sánchez mencionou o histórico de perseguições sofridas pelos judeus, incluindo o Holocausto, e reafirmou que “Israel tem direito a existir e prosperar”. No entanto, acusou o governo de Benjamin Netanyahu de “ultrapassar os limites da legítima defesa”.
“Acreditamos que uma coisa é proteger o nosso país e a nossa sociedade e outra é bombardear hospitais e matar crianças de fome”, afirmou o líder socialista. Sánchez mencionou os dados divulgados pelo Hamas, onde o grupo terrorista diz que a ofensiva israelense já deixou 63 mil mortos, 159 mil feridos, dois milhões de deslocados e 250 mil pessoas em risco de desnutrição aguda no enclave.
Entre as medidas anunciadas pelo governo espanhol, está a aprovação urgente de um decreto-lei que consolida juridicamente o embargo de armas a Israel, a proibição do trânsito de navios que transportem combustíveis e munições para as forças armadas israelenses e a restrição ao sobrevoo de aeronaves que levem material militar. O governo espanhol também determinou a proibição de entrada em território nacional de pessoas acusadas de “participação em crimes de guerra”, além de restrições consulares para cidadãos que vivam em assentamentos considerados ilegais pela Espanha.
Outras medidas incluem o aumento da ajuda humanitária destinada a Gaza para 150 milhões de euros, a ampliação da contribuição espanhola à agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) e novos projetos de cooperação com a Autoridade Palestina nas áreas de agricultura, segurança alimentar e saúde.
“Esperamos que [essas medidas] sirvam para aumentar a pressão sobre o governo israelense e aliviar o sofrimento da população palestina”, disse Sánchez.
A reação de Israel ao anúncio da Espanha foi imediata. O ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, acusou Sánchez de tentar “distrair a atenção” dos escândalos de corrupção que atingem seu governo e anunciou represálias diplomáticas. Yolanda Díaz, socialista vice-presidente do governo espanhol, e Sira Rego, ministra da Juventude, foram proibidas de entrar em território israelense e tiveram vetado qualquer contato oficial com o governo de Netanyahu. Saar afirmou que a Espanha está seguindo nesse momento “uma linha hostil anti-Israel, com uma retórica desenfreada e cheia de ódio”.