Moraes afirma que a Polícia Federal apreendeu uma agenda do general Augusto Heleno e mostra uma imagem dela no telão.
Segundo a denúncia, havia mensagens sobre “o planejamento prévio da organização criminosa de fabricar um discurso contrário às urnas eletrônicas”.
Não há datas nas anotações, mas elas trazem comentários que colocariam em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. Uma das páginas traz como título “Reu [reunião] Diretrizes Estratégicas”. Há anotações como: “Fazer um mapa com o levantamento das áreas onde o Pres [presidente] possui aliados confiáveis” e “Buscar relacionar os órgãos de imprensa que podem ser usados como meios de divulgação de ações de governo. Utilizar com mais frequência a EBC”.
Também há anotações como “Não fazer qualquer referência a homossexuais, negros, maricas, etc. Evitar comentários desairosos e generalistas sobre o povo brasileiro. Ao contrário, exaltar as qualidades do povo: lutador, guerreiro, alegre, otimista.” e “Estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações. É válido continuar a criticar a urna eletrônica.”
Há também anotações como a citação a um dossiê sobre “o mecanismo das fraudes” e “dia 30 out” — uma referência à data do segundo turno nas eleições de 2022. Os advogados do general vêm dizendo que as evidências do processo não conseguiram demonstrar a culpa e nem “a hipótese do protagonismo” de Heleno na trama.
Sobre as anotações encontradas na casa de Heleno, eles afirmaram que se tratavam de registros pessoais “nunca” compartilhados com ninguém. Além disso, a defesa critica a forma como a PF apresentou as páginas encontradas — acusando a polícia de montar uma narrativa a partir das páginas: “(…) a PF disponibiliza as referidas páginas da caderneta como numa suposta e inventiva evolução de um raciocínio linear, quando na verdade estão afastadas umas das outras e sobre situações e assuntos totalmente díspares! Sem conexão!”
Segundo Moraes, a agenda possuía várias anotações feitas pelo réu, “consistentes em
diretrizes estratégicas, dentre as quais foram listadas ações a serem
implementadas pela organização criminosa, inclusive sobre o estabelecimento de
uma desinformação sobre urnas eletrônicas para descredibilizar o sistema
eletrônico eleitoral brasileiro”.
Moraes afirma que “não é razoável achar normal um general do Exército, general quatro
estrelas, ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas, ter uma
agenda preparando a execução de atos para deslegitimar as eleições, para
deslegitimar o Poder Judiciário e para se perpetuar no poder”.
“Eu não consigo entender como
alguém pode achar normal numa democracia em pleno século XXI, uma agenda
golpista”, afirmou Moraes.