Crédito, Interpol
- Author, Alice Cuddy
- Role, Da BBC News
Uma mulher encontrada morta em Barcelona (Espanha) há 20 anos foi identificada na quinta-feira (25/09) como a cidadã russa Liudmila Zavada, morta aos 31 anos. Ela foi identificada por meio de uma campanha policial internacional.
A confirmação ocorreu após um cruzamento internacional de dados conduzido pela Interpol (agência policial internacional) no âmbito da Operação Identify Me (Operação Identifique-me, em tradução livre). Nessa operação, a Interpol passou a divulgar pela primeira vez “difusões negras” — pedidos de informação sobre corpos não identificados — e a compartilhar registros, como impressões digitais, com forças policiais de vários países.
Zavada era conhecida pela polícia espanhola apenas como “a mulher de rosa”, por estar vestida com uma blusa floral rosa, calças rosas e sapatos rosas.
O corpo foi encontrado às margens de uma estrada em julho de 2005, e a investigação apontou sinais de que o corpo havia sido movido nas 12 horas anteriores. A morte foi considerada pela polícia local como “suspeita”, mas, à época, a identidade não pôde ser estabelecida.
Ela é a terceira pessoa a ser identificada pela iniciativa Operação Identify Me, que foi lançada em 2023 em um esforço para reunir informações sobre mulheres mortas em circunstâncias suspeitas ou não esclarecidas na Europa.
Segundo Valdecy Urquiza, secretário-geral da Interpol, a identificação oferece “nova esperança para familiares e amigos de pessoas desaparecidas” e pode gerar “novas pistas” para investigadores.
No caso de Zavada, a polícia da Turquia identificou impressões digitais compatíveis em um banco de dados nacional. Em seguida, exames de DNA confirmaram a correspondência com um parente próximo na Rússia.
“Após 20 anos, uma mulher desconhecida recuperou seu nome”, disse Urquiza.

Crédito, Interpol
As investigações policiais sobre a morte de Zavada e as circunstâncias do caso continuam.
A primeira mulher identificada pela Operação Identify Me foi Rita Roberts, 31, do País de Gales, assassinada na Bélgica em 1992. A família, que disse ter vivido por décadas sem saber o que havia ocorrido com ela, a identificou após ver uma fotografia de sua tatuagem em uma reportagem da BBC News.
No início deste ano, outra vítima foi identificada: Ainoha Izaga Ibieta Lima, 33, do Paraguai, encontrada morta em um galpão de aves na Espanha. A polícia havia classificado as circunstâncias da morte como “não esclarecidas”.
A polícia ainda tenta identificar outras 44 mulheres sem identidade, localizadas mortas na Holanda, Alemanha, Bélgica, França, Itália e Espanha. A maioria é considerada vítima de homicídio e tinha entre 15 e 30 anos.
Segundo a Interpol, o aumento da migração global e do tráfico de pessoas contribui para o crescimento dos desaparecimentos em países estrangeiros, dificultando a identificação de corpos.
Um representante da Interpol afirmou à BBC que mulheres são “afetadas de forma desproporcional pela violência de gênero, incluindo violência doméstica, agressão sexual e tráfico”.
Desaparecimentos no Brasil
Para agilizar as buscas, o Ministério da Justiça lançou em agosto de 2025 o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, que reúne informações enviadas pelos Estados e integra registros públicos, sigilosos e genéticos. O sistema já centraliza dados de 12 unidades da Federação.
Além disso, a Polícia Rodoviária Federal mantém o serviço Sinal Desaparecidos, que permite registrar ocorrências relacionadas ao desaparecimento de pessoas, embora não substitua o boletim de ocorrência na polícia. Mais informações estão disponíveis no site: https://www.gov.br/prf/pt-br/canais-de-atendimento
Em caso de desaparecimento, o primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência, presencialmente em uma delegacia da Polícia Civil ou pela internet. O ministério da Justiça reforça que a comunicação deve ser feita o quanto antes, com o maior número de detalhes disponíveis — não é necessário esperar 24 horas para notificar o desaparecimento. Recomenda-se levar documentos da pessoa desaparecida, foto recente, descrição física, roupas que usava e informações sobre onde e quando foi vista.
Para reduzir riscos de golpes, a orientação é não divulgar contatos pessoais em cartazes, utilizando apenas números fornecidos pela polícia.
Outros canais de apoio incluem:
- Polícia Civil: 197
- Polícia Militar (urgência): 190
- Disque Denúncia: 181