Primeiro grande nome da história do tênis de mesa brasileiro, Ubiraci Rodrigues da Costa, o Biriba, morreu na última quinta-feira (25), aos 80 anos. O velório do ídolo ocorre no Cemitério da Quarta Parada, na zona leste de São Paulo, até as 14h desta sexta-feira (26). A morte foi informada pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e pelo Palmeiras, clube do qual era associado e que representou quando atleta. A causa da morte não foi revelada.
Biriba nasceu em 26 de junho de 1945, na capital paulista. Aos 11 anos, competindo entre os adultos, foi campeão sul-americano de tênis de mesa. Dois anos depois, espantou o planeta ao vencer os japoneses Tanaka Toshiaki e Ogimura Ichiro, ambos campeões mundiais, em amistosos no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista.
Graças aos feitos, o então jovem de 13 anos dividiu a capa do jornal A Gazeta Esportiva, de 18 de novembro de 1958, com Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, estrela do primeiro título mundial da seleção masculina de futebol, e Maria Esther Bueno, que, à época, ganhara o primeiro de seus 19 títulos de Grand Slams (nome dado aos quatro principais torneios do circuito de tênis). A manchete os qualificou como “o triângulo de ouro dos esportes brasileiros”.
Em 1961, aos 15 anos, Biriba chegou nas oitavas de final do Mundial, disputado em Pequim, na China, eliminando Rong Guotan, mesatenista da casa e então atual campeão. Pelo feito histórico, recebeu um telegrama do então presidente Jânio Quadros. Aquela foi, por muitos anos, a melhor campanha de um brasileiro na competição, igualada pelo também paulista Claudio Kano apenas em 1987, em Nova Déli, na Índia. O recorde caiu somente em 2021, quando o carioca Hugo Calderano atingiu as quartas de final em Houston, nos Estados Unidos.
Aos 21, porém, Biriba deixou o esporte de alto rendimento por falta de apoio. Formou-se em economia, foi funcionário da Secretaria da Fazenda onde trabalhou por 50 anos.
“As técnicas mudaram mundialmente, a gente não tinha intercâmbio. Até para disputar um campeonato, tinha que pedir apoio para arrumar passagem. Você vai viver de glória? De troféu? Você vai tomar um cafezinho, tem que pagar, não é? Era super amador, não ganhávamos nada, nada”, contou Biriba, em entrevista ao programa Stadium, da TV Brasil, em janeiro de 2020.
Mesmo longe das competições, o ex-mesatenista seguiu reconhecido, inclusive fora do Brasil. Uma das homenagens foi feita pela Butterfly, maior empresa japonesa no segmento da modalidade, que criou uma raquete de nome “Biriba”, que o ídolo conheceu em 1996, ao visitar uma loja de Tóquio, no Japão.
“Tênis de mesa não significa somente vitórias, título e fama. Para mim, o mais importante foram as amizades, a sociabilização das crianças. Eu era tímido e me desenvolvi socialmente. Ter espírito competitivo, saber ganhar e perder, nos prepara para a vida”, disse Biriba, em depoimento feito ao site da CBTM em abril, quando foram celebrados 64 do histórico triunfo sobre o campeão mundial na China.