Os ativos digitais são uma alternativa mais viável e interessante para o futuro do comércio internacional do que a criação de uma moeda nova ou a substituição do dólar pelo yuan. A análise foi feita pelo economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, no primeiro dia do DAC Insiders (Digital Asset Conference) 2025, evento organizado pelo MB | Mercado Bitcoin nesta segunda-feira (22) em São Paulo.
O comentário de Franco foi feito após ser perguntado se a desvalorização do dólar, que já caiu 14% neste ano, poderia ser um indicativo de que se aproxima o momento de o comércio internacional ter uma nova moeda, que poderia ser o renminbi (moeda oficial da China, sendo que o yuan é a unidade básica do renminbi, como o real é para o centavo no Brasil) ou uma moeda criada pelos membros dos Brics.
“Até onde a vista alcança, não vai mudar. Não é só uma moeda, é uma jurisdição e um meio de pagar e receber”, disse Franco.
O ex-presidente do BC, que chefiou o órgão entre 1997 e 1999, exemplificou: “Tente convencer um exportador brasileiro a receber a receita dele em renminbi, deixar o dinheiro depositado em Xangai e lá fazer investimentos em CDBs dos bancos locais ou em títulos das empresas locais ou do governo chinês”.
Neste contexto, no qual não vê a dominância do dólar ameaçada, Franco aponta que é válido que os chineses explorem novas formas de pagamento. “Acho mais interessante quando se pensa em alternativas digitais, que não têm nada a ver com China ou Brics”, disse.
Porém, o ex-presidente do BC lembra que esse cenário não é algo para o curto prazo e que muitas barreiras serão levantadas. “O trânsito internacional de pagamentos com ativos digitais vai esbarrar nos reguladores zelosos. Também não é uma coisa para daqui a pouco.”
Franco disse que é um momento interessante para se debater sobre as alternativas, mas que não existe “nada muito maduro para substituir o dólar”.
Perguntado pela plateia se a alta de 40% do ouro no ano é uma resposta a um cenário monetário e fiscal altamente incerto e complexo no mundo, Gustavo Franco disse que o cenário é de busca por alternativas fora do dinheiro tradicional e novamente citou os ativos digitais.
“Eu acho que como expressão desse turbilhão monetário que a gente está vivendo, o ouro e os ativos digitais estão acomodando um tanto o interesse [de busca por alternativas]”, finalizou.
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