A aprovação da “PEC da Blindagem” em dois turnos pela Câmara dos Deputados nesta semana resultou em uma avalanche de críticas nas redes sociais. É o que aponta o levantamento do instituto de pesquisa Quaest mostrou que oito a cada dez postagens realizadas entre os dias 16 e 19 de setembro tiveram viés negativo, como críticas ao presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e aos demais parlamentares. Foram 83% de menções negativas, ante 17% positivas.
Como mostrou o GLOBO, a pressão nas redes sociais levou parlamentares a pedirem desculpas aos seus eleitores, caso de Silvye Alves (União-GO) e Merlong Solano (PT-PI), por exemplo. As justificativas pelo voto favorável à proposta foram diversas, de ameaças de retaliações internas a “sacrifícios” para tentar evitar a votação da anistia.
Na medição da Quaest, a maioria das publicações miraram em Motta e nos parlamentares que votaram a favor da medida, com uma campanha digital impulsionada por opositores e influenciadores de esquerda. Entre os deputados, a publicação de Erika Hilton (PSOL-SP) está entre os destaques. A hashtag “#CONGRESSOINIMIGODOPOVO se destacou nas mídias, assim como vídeos gerados por inteligência artificial, denotando uma tendência para as eleições 2026. Os principais alvos foram o presidente da Câmara e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Foram coletadas 2,3 milhões de menções à PEC, média de 24 mil posts por hora com alcance estimado de 44 milhões de contas no mesmo período. Foram 98 mil autores únicos. A mobilização ficou aquém do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na “trama golpista”, com cerca de metade do fluxo de posts, mas ganhou um pouco mais apelo do que o embate do governo Lula (PT) com o Congresso em julho.
As menções positivas ficaram restritas a publicações de parlamentares e militantes bolsonaristas, que atribuem a necessidade de aprovação da matéria a uma suposta “perseguição política” de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes.
Do lado das menções negativas, 46% foram direcionadas especificamente ao Congresso, 40% à manifestação convocada em várias cidades do país contra a PEC da Blindagem neste domingo e 15% especulam sobre a existência de um acordo da direita bolsonarista com o “Centrão” para aprovar o requerimento de urgência do PL da Anistia.
A Quaest aponta que a metodologia de escuta de redes sociais é feita por meio de monitoramento de palavras-chave nas plataformas Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), Reddit e YouTube geradas por usuários e sites de notícias. A isso se soma uma observação em grupos de mensageria do WhatsApp, Telegram e Discord.