Na prática, os cientistas conseguiram “ouvir” esse crescimento. Segundo o estudo publicado na revista Physical Review Letters no dia 10 de setembro, os buracos negros envolvidos no evento tinham, juntos, área de cerca de 240 mil km² antes da fusão. Após o choque, o novo buraco negro resultante alcançou 400 mil km², quase o dobro.
O resultado é considerado a prova mais sólida já obtida da teoria de Hawking. O estudo tem nível de confiança de 99,999%. Um teste preliminar havia sido feito em 2021, mas com dados mais ruidosos e menos precisos.
A confirmação só foi possível graças aos avanços tecnológicos do LIGO na última década. Os detectores hoje conseguem medir alterações no espaço-tempo menores que um décimo de milésimo do tamanho de um próton. “Podemos ouvir o sinal de forma clara, e isso nos permite testar as leis fundamentais da física”, afirmou Katerina Chatziioannou, professora de Física da Caltech e integrante da equipe.
O físico Kip Thorne, que trabalhou ao lado de Hawking, lembrou que o físico britânico sempre esperou ver sua ideia comprovada. “Se Hawking estivesse vivo, teria se deliciado ao ver a área dos buracos negros fundidos aumentar”, disse o cientista, um dos fundadores do LIGO.
A importância do resultado vai além da teoria em si. A relação entre a área do buraco negro e sua entropia, também desenvolvida por Hawking e Jacob Bekenstein nos anos 1970, abriu caminho para pesquisas que tentam unificar a relatividade geral e a mecânica quântica.