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quarta-feira, setembro 3, 2025

Quem é o herdeiro de 38 anos que está sendo ‘forjado’ para gerir a fortuna por trás da Chanel?

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Arthur Heilbronn reúne todas as características de quem está sendo preparado para exercer o poder sobre uma das maiores fortunas que perpassam gerações no mundo.

Conexões familiares profundas? Sim. Diploma de uma universidade de topo, da Ivy League? Sim. Experiência em Wall Street? Sim. Agora, há sinais crescentes de que o herdeiro da dinastia por trás do império Chanel está se aproximando do topo do comando da empresa que administra a fortuna de US$ 90 bilhões (cerca de R$ 490 bilhões de reais) da família.

Aos 38 anos, Heilbronn assumiu cargos de gestão relacionados aos investimentos imobiliários, bancários e de mídia dele e de seus parentes, nos seis anos desde que ingressou na Mousse Partners, um dos maiores e mais discretos family offices do mundo.

Em mais um indício de sua ascensão, o ex-banqueiro do Goldman Sachs e formado pela Harvard Business School tornou-se diretor, no início deste ano, de uma das principais holdings da Mousse, ocupando o lugar deixado pela morte do veterano executivo da Chanel, Michael Rena, segundo registros oficiais.

Ele também é filho de Charles Heilbronn, fundador da Mousse e presidente da firma desde 1991. Charles é meio-irmão de Alain e Gerard Wertheimer, herdeiros de terceira geração da fortuna Chanel.

Os Wertheimer são netos de um dos sócios originais de Gabrielle “Coco” Chanel, que fundou a marca em 1910. Eles compartilhavam a mesma mãe de Charles, Eliane Heilbronn, considerada a matriarca do império até sua morte no ano passado. Todos os filhos dela têm hoje mais de 70 anos.

Procurado, um representante da Mousse preferiu não dar declarações à reportagem.

Os Wertheimer, donos de partes iguais da Chanel, avaliada em capital fechado, têm cada um fortuna de cerca de US$ 45 bilhões, segundo o índice de bilionários da agência Bloomberg. Seu patrimônio se manteve firme no pós-pandemia, mesmo com a queda nos bens de luxo que atingiu rivais como a LVMH, dona da Louis Vuitton, de propriedade Bernard Arnault, e a Kering, da família Pinault, donas de marca como Gucci e Balenciaga.

Família avessa aos holofotes

A ascensão de Arthur Heilbronn dá pistas sobre os planos de sucessão da família ampliada, que é avessa aos holofotes e sempre buscou manter sua riqueza fora do escrutínio público. David, filho de Gerard Wertheimer, criou um fundo de private equity, mas não há indícios de que os outros filhos dos dois herdeiros estejam envolvidos na Mousse.

— Eles parecem menos um family office e mais um fundo patrimonial privado de um império de luxo — disse Marc Debois, fundador da consultoria FO-Next, especializada em family offices. — Entre seus pares, o que os coloca no verdadeiro top 1% não é o tamanho; é o tempo; paciência multigeracional alimentada por dividendos — afirmou.

Pelo menos um quinto dos indivíduos entre as 500 maiores fortunas do mundo possui hoje um family office para administrar riquezas que, somadas, ultrapassam US$ 4 trilhões, segundo o índice de bilionários da Bloomberg.

Uma pesquisa recente com 317 clientes de family offices do banco suíço UBS mostrou que pouco mais da metade já tem planos de sucessão, com destaque para os EUA e o Sudeste Asiático.

Segundo seu perfil no LinkedIn, Heilbronn entrou na Mousse como diretor em 2019, sendo promovido a diretor-gerente alguns anos depois. Hoje, divide a chefia da área de private equity e investimentos diretos com outro diretor-gerente, Paul Yun. Ele também foi nomeado para o conselho supervisor do banco Rothschild & Co. depois que a Mousse Partners se uniu a duas outras dinastias francesas em 2023 para ajudar a tirar a instituição da bolsa.

A holding final da Chanel é a Mousse Investments, sediada nas Ilhas Cayman, que não divulga números financeiros. A Mousse Partners é o braço de investimentos e tem também escritórios em Pequim e Hong Kong.

A Mousse Investments se descreve como detentora de uma “ampla gama de classes de ativos em mercados públicos e privados”, além da Chanel. Embora não revele quanto dinheiro administra, algumas empresas já a citaram como participante em transações ou como acionista, indicando investimentos em ações, imóveis, crédito e private equity.

A Mousse Partners emprega mais de três dezenas de pessoas no mundo todo e conta com ex-analistas de bancos como JPMorgan Chase & Co. e Wells Fargo & Co. entre seus quadros. A executiva Suzi Kwon Cohen entrou quase uma década atrás como diretora de investimentos, depois de liderar o private equity na América do Norte do fundo soberano de Cingapura, tornando-se uma das mulheres mais influentes nesse setor historicamente dominado por homens.

Ao longo dos anos, a Mousse Partners apoiou uma ampla gama de startups, incluindo a provedora de saúde mental Brightside Health, a empresa de publicidade digital Brandtech, a de biotecnologia Evolved by Nature, a de alimentos Harmless Harvest e a de saúde Thirty Madison.

No ano passado, a Mousse se uniu à herdeira bilionária da L’Oréal em investimentos na marca de roupas de luxo The Row.

Grupo tem participação em livros e animação

Mas nem todas as apostas se mostraram lucrativas. A Beautycounter faliu no ano passado, enquanto duas participações em empresas listadas estão estagnadas. O family office detém cerca de 8% da francesa NetGem, de entretenimento digital, e 5,7% da fabricante de produtos capilares Olaplex Holdings. Ambas as ações desabaram desde a abertura de capital e não se recuperaram.

A Mousse também investe há décadas no setor editorial e audiovisual francês por meio da Media-Participations, dona de editoras de livros, veículos especializados, além de negócios em animação e quadrinhos.

A família por trás da Chanel — fabricante de óculos de US$ 970 (cerca de R$ 5 mil), bolsas de US$ 6,5 mil (ou R$ 35 mil) e relógios J12 de US$ 23,4 mil (aproximadamente R$ 130 mil) — se juntou a outros bilionários franceses do luxo com participações na mídia. Bernard Arnault é dono dos jornais Les Echos e Le Parisien, além da revista semanal Paris Match. A família Pinault é proprietária das revistas Le Point e Point de Vue.

Embora a Mousse não esteja envolvida nas operações da Chanel, ambas as empresas têm escritórios em uma torre de vidro ao sul do Central Park, em Manhattan, famosa pelos aluguéis altíssimos e lista de inquilinos financeiros de peso. Tanto Arthur quanto Charles Heilbronn registraram esse endereço de Nova York como seu local de trabalho na chamada “Billionaires Row” de Manhattan, onde Alain Wertheimer também mantém um escritório há anos.

A portas fechadas naquela rua, os próximos passos dos planos de sucessão da Mousse Partners podem já estar em andamento, embora seja improvável que alguém da dinastia Chanel comente publicamente o assunto.

— Somos uma família muito discreta. Nunca falamos — disse Gerard Wertheimer em 2001.

[Fonte Original]

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