Um relatório produzido pela Redes da Maré aponta que, desde 2016, estudantes de escolas do Complexo da Maré já perderam cerca de um ano letivo do período de Educação Básica ao Ensino Fundamental devido à violência armada. O dado foi disponibilizado na quinta-feira, quando foi apresentado o 6º Seminário de Educação da Maré: Direitos em diálogo – Educação, Trabalho e Segurança Pública.
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Com parceria do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares (NEPFE), da Universidade Federal Fluminense, e apoio do Fundo Malala e do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro, o seminário teve como tema “O cumprimento dos 200 dias letivos: reposição e reparação”. Essa escolha foi influenciada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que prevê 200 dias letivos obrigatórios nas escolas de todo o país.
Em julho, o Ministério Público Federal solicitou pediu para que o Conselho Nacional de Educação apresente, até novembro, um plano nacional de reposição de aulas. Em maio, numa audiência pública, o CNE havia prometido a publicação do Pacto Nacional pelo Cumprimento dos 200 dias letivos até o fim do ano.
— O Seminário de Educação da Maré já se consolidou como uma oportunidade de avanço em debates tão necessários na garantia da igualdade de acesso à educação básica no país e, este ano, vamos ampliar nossas discussões, trazendo outros direitos e questões que atravessam a vida dos estudantes, sobretudo os favelados e periféricos. Esperamos que as propostas saídas desse encontro se transformem em ações concretas e consigam mudar a vida escolar de cerca de 19 mil estudantes da Maré e influenciar políticas em outros territórios de favelas no Brasil — disse Andréia Martins, diretora da Redes da Maré.
Desde que o projeto “De olho na Maré”, da ONG, começou a levantar dados sobre as ações das polícias militar e civil, em 2016, já foram 160 dias sem aulas. O pior ano até hoje foi o de 2024, quando houve 42 operações no território: um aumento de 48% nos dias sem aulas e de 22% sobre a média de alunos sem aulas, em comparação a 2023.
Tendo como base o cumprimento mínimo de 200 dias letivos, previsto na Lei de Diretrizes e Bases, os alunos da Maré tiveram 18,5% de dias a menos de aulas, revelando uma grave restrição ao direito à educação das crianças e adolescentes do território.