Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveram o Riskclima, estudo que identifica os fenômenos meteorológicos mais extremos no país e as populações mais vulneráveis a eles. O trabalho já apontou aumento de ondas de calor, secas prolongadas e chuvas intensas em diferentes regiões. E agora avança para prever como esses riscos devem evoluir nas próximas décadas.
A iniciativa é dividida em duas etapas. A primeira, já em fase final, mapeou quais eventos climáticos se tornaram mais frequentes em cada parte do Brasil. A equipe analisou séries históricas de dados meteorológicos, cruzando índices de seca, de calor e de disponibilidade hídrica para detectar padrões de risco. Os resultados mostram, por exemplo, ondas de calor inéditas no Norte, secas prolongadas em Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, e chuvas cada vez mais intensas no Sul.
Além de medir a intensidade dos fenômenos, o Riskclima investiga quem é mais impactado. Os pesquisadores cruzam os dados climáticos com indicadores de saúde – como mortes e partos prematuros – para avaliar vulnerabilidades. Assim, revelam cenários específicos: no Norte, o calor extremo é a maior ameaça; no Sul, o perigo está nas chuvas persistentes; e no centro do país, a redução das chuvas ameaça reservatórios e a geração de energia.
O projeto avança agora para projetar o futuro. Com cenários do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os cientistas querem saber se essas tendências vão se agravar nas próximas décadas. Modelos preliminares já indicam que o aumento das chuvas no Sul deve continuar, enquanto o Centro-Oeste pode enfrentar secas mais severas e períodos úmidos cada vez menores.
“O Riskclima quer transformar ciência em ferramenta de decisão. Nosso objetivo é dar aos governos informações para que cada Estado e município saiba onde investir em prevenção e adaptação”, diz Márcio Cataldi, professor do Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da UFF, que integra a pesquisa.
O Riskclima dialoga com as ideias de sustentabilidade que norteiam a 31ª edição do Prêmio Jovem Cientista, cujo tema é “Resposta às Mudanças Climáticas: Ciência, Tecnologia e Inovação como Aliadas”. A premiação incentiva soluções para o combate a desastres ambientais, além de estratégias de resiliência.
Iniciativa do CNPq em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o prêmio tem patrocínio da Shell, apoio de mídia da Editora Globo e do Canal Futura, e prevê laptops, bolsas do CNPq e valores entre R$ 12 mil e R$ 40 mil para cinco categorias, de estudantes do ensino médio a pesquisadores doutores.