A inflação apurada pelo Índice Geral de Preços -10 (IGP-10), que desacelerou de 0,21% para 0,08% entre setembro e outubro, foi a menor taxa desde julho (-1,65%), informou nesta sexta-feira (17) a Fundação Getulio Vargas (FGV). Quedas de preços em commodities importantes, como soja (-1,22) e bovinos (-1,40%) no atacado, levaram ao resultado menor, informou André Braz, economista da fundação.
Porém, ele fez uma ressalva. O movimento de desaceleração no IGP-10 não deve se estender aos outros Índices Gerais de Preços (IGPs), como IGP-DI e IGP-M – esse último usado no cálculo da variação do aluguel. “A tendência dos outros indicadores é de aceleração”, afirmou.
Ao explicar a projeção, o especialista comentou que, de setembro para outubro, os preços no atacado, 60% do total do IGP-10, comandaram a taxa menor do indicador. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) passou de 0,27% para queda de 0,04%, no período, disse.
No entanto, continuou ele, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10), que representa o varejo, 30% do IGP-10, saiu de uma queda de 0,13% para uma alta de 0,48%. Um dos fatores que ajudaram a compor esse resultado foi o menor ritmo de deflação em alimentos, que passou de -0,37% para -0,12% de setembro para outubro. “Estamos vendo que, no atacado também, outros alimentos começam a subir de preço novamente”, afirmou Braz.
Entre exemplos de aumentos de itens, no atacado no IGP-10, com origem agrícola, com cadeia de derivados no varejo, estão as altas em café em grão (3,05%); milho em grão (2,60%) carne bovina (1,63%) e carne de aves (3,21%). No caso desse último produto, Braz lembrou que, em setembro, os preços desse tipo de carne estavam caindo 3,01%.
“Não podemos nos esquecer que estamos nos aproximando dos últimos meses do ano e, nesse período, a demanda por carnes aumenta”, acrescentou. Braz se refere às festas de fim de ano, e ao maior consumo de produtos como peru, “frangão”, churrasco e outras proteínas.
Outro aspecto lembrado por ele é o fato de que o IGP-10 de outubro leva em conta em sua coleta de preços 20 dias de setembro e 10 dias de outubro. O período de coleta de preços, desse indicador, começa no dia 11 do mês anterior ao de referência e termina no dia 10 do mês de referência.
“O que já estamos notando é que, em outubro, vários itens começam a subir de preço, ou estão caindo menos”, explicou Braz. Assim, na prática, ponderou, como os outros IGPs contarão com mais dias de coleta de outubro, do que o IGP-10, as taxas desses outros indicadores tendem a acelerar, e não a desacelerar, explicou.