O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduziu nesta quarta-feira (29) os juros em 0,25 ponto-percentual (p.p.), levando os Fed funds para a faixa de 3,75% a 4% ao ano. A decisão era amplamente antecipada pelo mercado e dá continuidade ao processo de flexibilização monetária iniciado em setembro. Ou seja, é o segundo corte de juros seguido e também o segundo realizado em 2025.
A votação, no entanto, contou com duas dissidências. O diretor Stephen Miran defendeu uma redução de 0,50 p.p. e o presidente da distrital de Kansas do Fed, Jeffrey Schmid, argumentou por uma manutenção dos juros.
O Fed afirmou que a atividade econômica tem se expandido a um ritmo moderado. Sobre o balanço de riscos, o comitê destacou que a criação de empregos desacelerou este ano e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas permaneceu baixa até agosto. “Indicadores mais recentes corroboram esses desenvolvimentos”, disse o comunicado. A inflação, por sua vez, aumentou desde o início do ano e permanece um pouco elevada.
A incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada na avaliação do Fed. “O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e considera que os riscos de queda no emprego aumentaram nos últimos meses”.
O Fed também reiterou a postura dependente de dados para as demais reuniões. “O Comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir o alcance de seus objetivos”.
O presidente do Fed, Jerome Powell, participará de conferência de imprensa às 15h30. O mercado aguardará por detalhes sobre a condução dos juros nas próximas reuniões e para mais detalhes sobre a saúde da economia dos Estados Unidos, em um momento no qual os investidores passam por um apagão de indicadores econômicos, em meio à quarta semana de paralisação do governo americano.
Agora, o foco está na coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, a partir das 15h30. Os investidores buscam mais pistas sobre o rumo da política monetária, em meio ao apagão de dados causado pela paralisação do governo americano (“shutdown”), que já está na quarta semana.
O Fed também segue sob pressão do presidente americano, Donald Trump, que exige cortes mais rápidos das taxas. Trump também deve escolher até o fim do ano substituto de Powell, que deixa a presidência da autoridade monetária em maio do ano que vem.
A condução do processo de aperto quantitativo (QT) também estará nos holofotes do mercado, diante das condições de liquidez restritas para bancos comerciais americanos. Desde o pico em 2022, o Fed permitiu uma redução de US$ 2,5 trilhões do balanço patrimonial. O fim do QT já havia sido ventilado pelo próprio Powell.