A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) chegou a 78,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em setembro, o maior nível desde novembro de 2021, de acordo com a série histórica do Banco Central (BC). O indicador vem registrando altas consecutivas desde abril deste ano. Apenas em 2025, a alta foi de 1,6 ponto percentual (p.p.) com impacto principal da incorporação de juros da dívida, que teve efeito altista de 6,6 p.p.
O pagamento de juros pelo setor público neste ano chegou a R$ 684,670 bilhões no acumulado até setembro, valor acima dos R$ 650,283 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Outros fatores que impactaram o indicador de dívida neste ano, em patamar menor, foram as emissões líquidas de dívida, em 0,1 p.p., e o reconhecimento de dívida, em 0,2 p.p. Por outro lado, o crescimento do PIB reduziu essa alta em 4,5 p.p. Como denominador da relação dívida/PIB, quando há uma alta do produto, o indicador de dívida diminui. O efeito baixista da valorização cambial em 0,6 p.p e de ajustes da dívida externa em 0,1 p.p. também impactaram o indicador.
Na comparação entre setembro e agosto, a dívida bruta registrou elevação de 0,6 p.p. Os juros apropriados tiveram impacto de alta de 0.8 p.p. O mês ainda registrou efeito de alta de 0,3 p.p. por emissões líquidas de dívidas.
“O resultado primário da evolução do setor público consolidado teve um déficit primário e esse déficit primário contribuiu para elevação da dívida bruta com 1,1 p.p.”, disse o chefe-adjunto do departamento de estatísticas do BC, Renato Baldini. Por outro lado, a desvalorização cambial reduziu o aumento em 0,1 p.p. assim com a alta do PIB nominal em 0,4 p.p.
No acumulado em 12 meses, o déficit primário do setor público consolidado (governo central, governos regionais e estatais) chegou a R$ 33,235 bilhões (0,27% do PIB). Em 12 meses até agosto, o déficit era de R$ 23,1 bilhões (0,19% do PIB).
O resultado até setembro é composto por um déficit menor do governo central de R$ 39,365 bilhões, déficit de R$ 7,963 bilhões das estatais e superávit dos governos regionais de R$ 14,093 bilhões.
Em relatório, o diretor de pesquisa econômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, apontou que a expectativa é de crescimento do déficit ainda neste ano, assim como de continuidade da alta da dívida para os próximos anos. Para Ramos, colocar a dinâmica da dívida em uma trajetória de queda sustentável e estrutural é um dos principais desafios.
O resultado das empresas estatais em setembro foi de superávit de R$ 996 milhões contra um déficit de R$ 192 milhões no mesmo mês de 2024. Esse valor é resultado de um superávit de R$ 1,743 bilhão das estatais estaduais, que contrabalancearam o déficit de R$ 751 milhões das federais. As municipais registraram superávit de R$ 5 milhões no mesmo período.
Com esse resultado, o déficit das estatais no ano foi de R$ 7,295 bilhões até setembro, menor do que os R$ 7,405 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) vinha afirmando, nas últimas divulgações, que o resultado primário não é uma medida adequada para avaliar a saúde financeira de uma empresa e que é comum empresas registrarem déficit e lucro ao mesmo tempo. O MGI aponta, por exemplo, que investimentos são apurados como déficit, assim como pagamentos de dividendos e participação nos lucros.