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quinta-feira, outubro 9, 2025

Expectativas de inflação arrefeceram bastante, mas ainda estão longe da meta, diz David, do BC

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O diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou que as expectativas de inflação arrefeceram bastante nos últimos meses, mas ainda estão longe do centro da meta e acima do intervalo de tolerância. “Para este ano, BC e Focus projetam 4,8%. Mais à frente essas curvas se descolam um pouco”, disse, em evento na Câmara Espanhola.

Ele comentou que, após quatro anos de crescimento acima do esperado, o BC projeta alguma moderação no Produto Interno Bruto (PIB), “nada muito grande, “mas suficiente para trazer a trajetória para a meta”.

David disse ainda que o “índice de angústia”, que soma inflação e desemprego, está no nível mais baixo da série histórica, mesmo com a “inflação acima do intervalo de tolerância”.

O diretor de política monetária do BC afirmou ainda que muito se fala do desempenho do câmbio, que estaria atípico este ano. Segundo ele, de fato, isso está acontecendo, mas devolvendo um pouco do movimento do ano passado, que também foi atípico. “Nos últimos cinco anos não houve sazonalidade de fim de ano. Historicamente, também não existe isso. Há uma sazonalidade mais entre agosto e outubro, quando o real tende a se depreciar um pouco, mas é sutil, não é nada de outro mundo”.

David comentou também que Banco Central não tem meta de atividade, mas de inflação. “À medida que buscamos a meta de inflação de 3% de forma consistente e estrutural, não posso ter o PIB crescendo acima do potencial”, apontou. O diretor afirmou que, se a atividade seguir acima do potencial, não existe a chance de a inflação convergir à meta. “A ideia não é ‘vamos derrubar a atividade’. A ideia é colocar o crescimento da atividade dentro do potencial.”

Ainda segundo David, o BC optou pela interrupção do ciclo de alta da Selic sabendo que parte desse “trade off” (custo) seria o do que presidente da autoridade, Gabriel Galípolo, comentou sobre “trincar os dentes”, e segurar as taxas elevadas por mais tempo. “O BC não tem nenhum prazer em ter juros apertados. Mas é o ponto que o BC entende que seja o de menor risco e menor custo para se cumprir a meta.”

Segundo David, os indicadores econômicos que são divulgados com antecedência costumam ser mais ruidosos e dar mais falsos sinais que os indicadores defasados, por isso é preciso ter atenção e cautela. “[Indicadores] de mercado de trabalho não têm muito erro, aconteceu [ficou no passado]. Esperar para tomar uma atitude não parece ser a condução ideal”, explica. “Mas o nível de incertezas, de volatilidade e de particularidades desse ciclo requer que tenhamos um grau de convicção maior do que seria em outros momentos”, complementa.

Ainda de acordo com David, o BC não quer correr o risco de reagir a ruídos. “A próxima fase do que vai ser a política monetária vai requerer que uma série de dados mostre que a gente está seguindo o curso esperado, não vai ser um dado específico.”

Eleições e política fiscal no Focus

Durante o evento, David foi questionado sobre o impacto das eleições – e da política fiscal do próximo governo – nas projeções da autoridade monetária. O moderador do painel, Marco Caruso, lembrou que o horizonte da política monetária já está em 2027, ou seja, o BC está trabalhando com um ministro da Fazenda que nem sabe quem será.

Em sua resposta, David tergiversou e lembrou que, no passado recente, houve certo padrão bimodal nas projeções do boletim Focus, com relação à potência da política monetária. Depois, essa bimodalidade se dissipou, com uma confluências das projeções, o que sugere maior credibilidade da política monetária. “Pode vir a ter [um padrão bimodal nas projeções do Focus em função das eleições], e se vier a ser isso, vamos contabilizar e fazer como fizemos anteriormente. A gente espera o melhor, mas se prepara para o pior”, comentou.

Ele ainda comentou que o cenário de referência, com as projeções do BC que são publicadas nos comunicados e no Relatório de Política Monetária, é diferente do cenário do Banco Central para a economia. O cenário de referência segue parâmetros já estabelecidos, como a trajetória para a Selic extraída da pesquisa Focus e a evolução do câmbio seguindo a Paridade do Poder de Compra (PPC).

Nilton David, diretor de política monetária do Banco Central — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

[Fonte Original]

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