A empresa de mídia social de Donald Trump está entrando no setor de mercados de previsão, onde o volume recorde de apostas tem atraído uma série de novos participantes.
A Trump Media planeja disponibilizar contratos de previsão em sua rede Truth Social, permitindo que os usuários apostem em eventos que vão desde eleições políticas até mudanças nas taxas de inflação, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira (28). Os testes iniciais do serviço, chamado Truth Predict, começarão “em um futuro próximo”, informou o anúncio.
A iniciativa soma-se aos esforços recentes da Trump Media para capitalizar seu público no varejo e surge logo após o volume de negociações nas principais plataformas do setor, Polymarket e Kalshi, atingir um novo recorde. O apetite crescente dos investidores por apostas em eventos do mundo real tem levado empresas como CME Group e Intercontinental Exchange a buscarem formas de entrar nesse mercado.
“Por muito tempo, as elites globais controlaram de perto esses mercados, com o Truth Predict, estamos democratizando a informação e dando poder aos americanos comuns para aproveitarem a sabedoria coletiva, transformando a liberdade de expressão em previsão acionável”, disse Devin Nunes, diretor-presidente da Trump Media e ex-deputado republicano, no comunicado.
As ações das empresas DraftKings e Flutter Entertainment, que também estão expandindo suas operações em mercados de previsão, caíram nas negociações prévias à abertura de Wall Street após a notícia.
O Truth Predict utilizará a Crypto.com Derivatives North America para viabilizar as apostas de previsão, aprofundando a parceria entre a exchange de criptoativos e a Trump Media. Em agosto, a empresa de Trump fechou um acordo para criar uma companhia de tesouraria de criptomoedas voltada à compra e à custódia do token CRO, cuja blockchain é mantida pela Crypto.com.
Após a fase de testes, haverá um lançamento completo nos Estados Unidos, com expansão global prevista em seguida. O serviço também incluirá apostas sobre preços de commodities e eventos esportivos em todas as principais ligas, conforme o comunicado.
O CEO da Crypto.com, Kris Marszalek, tem estreitado laços com Trump e seus negócios. Ele foi um dos primeiros executivos do setor cripto a visitar o ex-presidente em Mar-a-Lago após sua vitória eleitoral no ano passado, e a empresa doou US$ 1 milhão para o comitê de posse de Trump. Posteriormente, a controladora da Crypto.com destinou US$ 10 milhões ao super PAC MAGA Inc.
Em outubro de 2024, a Crypto.com entrou com uma ação judicial contra a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), após receber um “Wells Notice” indicando a intenção do órgão de processá-la por operar como corretora e câmara de compensação de valores mobiliários não registrada. Dois meses depois, com a eleição de Trump, a empresa retirou o processo. A SEC encerrou a investigação em março, sem apresentar medidas punitivas.
A Trump Media, assim como outras companhias associadas à família do ex-presidente, está avançando em um setor impulsionado pela guinada pró-cripto de Trump. Desde seu retorno ao poder, ele aprovou legislação sobre stablecoins e nomeou defensores dos ativos digitais para cargos regulatórios-chave.
A Polymarket, que opera a maior plataforma de previsões, usa tecnologia blockchain para permitir as apostas, enquanto a Kalshi não. O aumento explosivo da demanda fortaleceu ambas as empresas: segundo a Bloomberg News, a Polymarket está buscando captar recursos com uma avaliação de até US$ 15 bilhões, enquanto a Kalshi tem recebido propostas que a avaliam em mais de US$ 10 bilhões.
Mesmo com o avanço da popularidade, os mercados de previsão enfrentam incertezas regulatórias crescentes nos EUA. Na segunda-feira, a Kalshi processou a comissão de jogos de Nova York, alegando que o órgão estadual extrapola sua autoridade ao tentar regular operações de apostas esportivas que, segundo a empresa, são de jurisdição exclusivamente federal.
O processo soma-se a outros casos que discutem a legalidade dos mercados de previsão que oferecem negociações baseadas em resultados esportivos, um campo que os estados norte-americanos historicamente consideram sob sua responsabilidade regulatória. As apostas esportivas ainda são ilegais em quase uma dúzia de estados dos EUA.