A disputa entre Tesla e BYD é muito acirrada. E o último mês de setembro trouxe novos sinais de como essa rivalidade está se rearranjando em mercados-chave. Em Hong Kong, a BYD destronou a Tesla como a marca de veículos elétricos mais vendida. Desde 2021, o governo local tem promovido a transição de veículos a combustão por elétricos.
Dados mais recentes do Departamento de Transportes de Hong Kong mostram que a BYD registrou 920 novos veículos em setembro, alcançando 23,16% do mercado de elétricos da cidade e superando a rival que emplacou 853 carros. No mesmo mês, os elétricos conquistaram posição dominante no mercado de carros particulares no território: foram 3.542 registros, o que representa quase 76% de todos os emplacamentos de automóveis de passeio.
Também em setembro, a maré pró-BYD se refletiu nos volumes globais acumulados no ano. Pelos balanços divulgados pelas duas empresas, a gigante chinesa somou de janeiro a setembro 1.605.903 unidades, contra 1.217.902 da concorrente norte-americana. Esses números ajudam a explicar por que a liderança global do mercado de carros elétricos em 2025 está em disputa intensa — e por que se multiplicam as projeções de uma virada.
A mais recente previsão da consultoria Counterpoint Research aponta que a BYD deverá ultrapassar a Tesla pela primeira vez como marca líder mundial em veículos elétricos a bateria (BEV) em 2025, com quota global de 15,7%. Para a casa de análises, esse marco decorre da expansão agressiva da BYD, apoiada por liderança tecnológica e um modelo de produção verticalmente integrado, reforçado por forte apoio político interno.
Na frente tecnológica, a Counterpoint destaca avanços que miram diretamente uma dor do consumidor: o tempo de recarga. Como observa o analista Abhik Mukherjee, “o sistema pode fornecer 400 km de autonomia em apenas 5 minutos, estabelecendo um novo padrão na indústria e superando em muito o Supercharger da Tesla, que adiciona cerca de 275 km em 10 minutos. Espera-se que esse avanço tecnológico reduza significativamente as preocupações dos consumidores com o tempo de carregamento e impulsione a adoção de veículos elétricos, diminuindo a ansiedade em relação ao carregamento.”
Em contrapartida, a Tesla enfrenta múltiplos desafios. Segundo a Counterpoint Research, a imagem pública da companhia sofreu com o posicionamento político do CEO Elon Musk, gerando reação negativa de consumidores em mercados importantes dos Estados Unidos e da Europa. “Nossos dados do início de 2025 já mostram uma desaceleração nas vendas nessas regiões”, aponta a consultoria.


