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O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira (8), em meio a ajustes, após cair em quatro dos cinco primeiros pregões de outubro. O movimento foi acompanhado com Petrobras freando uma recuperação mais robusta do índice, apesar do avanço do preço do petróleo no exterior.
O cenário fiscal brasileiro também refreou os ânimos, com governo e aliados correndo contra o tempo para aprovar na Câmara dos Deputados e no Senado a medida provisória que trata da taxação de aplicações financeiras – ou ela perderá a validade.
O indicador brasileiro subiu 0,56%, a 142.145,38 pontos, tendo chegado a 142.385,02 pontos na máxima e 141.356,43 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$19,87 bilhões.
Para o head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, Anderson Silva, a bolsa tem refletido nos últimos pregões um movimento de correção após renovar máximas históricas. Silva citou que as empresas do Ibovespa vêm reportando bons resultados desde o começo do ano, salvo exceções, e que a temporada dos números do terceiro trimestre não deve ser um componente desfavorável para as ações na bolsa paulista.
“Acredito que o problema para o nosso mercado não andar mais não está nos resultados das empresas, mas nas incertezas …em relação às mudanças de ‘regras do jogo’…por exemplo, o que está para ser votado na chamada ‘MP dos impostos.”
Silva comentou que essas incertezas podem afetar o fluxo de capital dos investidores, principalmente os estrangeiros, nas ações no Brasil. Em relação à Medida Provisória 1303, a comissão mista para a matéria aprovou na véspera uma versão desidratada do texto, por um placar apertado, por 13 votos a favor e 12 contra, num indicativo das dificuldades para o governo.
O texto aprovado retirou a previsão inicial de taxação de títulos hoje isentos, como LCI, LCA, CRI e CRA, e também a proposta de elevação da tributação de empresas de apostas online, as bets. As mudanças reduziram o potencial de arrecadação da MP de R$ 20,9 bilhões para mais de R$ 17 bilhões no próximo ano. A medida foi apresentada pelo Executivo após o Congresso derrubar parcialmente sua proposta de elevação do IOF.
Preocupações com as contas públicas brasileiras voltaram a trazer desconforto nos últimos pregões, endossando movimentos de realização de lucros na bolsa paulista, após forte valorização do Ibovespa acumulada no ano. Investidores estão receosos quanto a potenciais medidas visando as eleições de 2026 com efeito fiscal negativo.
Após notícias nos últimos dias sobre o governo federal estar estudando um programa de tarifa zero para transporte público, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quarta-feira que “não tem nada programado para ano que vem, nem para este ano”.
Em entrevista na segunda-feira à TV Record, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que essa seria uma proposta da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição em 2026, o que repercutiu negativamente entre agentes financeiros.
Wall Street, por sua vez, corroborou o sinal positivo do Ibovespa, com o S&P 500 encerrando com acréscimo de 0,58%, em pregão marcado pela divulgação da ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve.
O documento mostrou que as autoridades Fed concordaram que os riscos para o mercado de trabalho dos EUA haviam aumentado o suficiente para justificar um corte na taxa de juros, mas muitos continuaram cautelosos em relação à inflação alta.
Os investidores do mercado de câmbio brasileiro operaram nesta quarta-feira em compasso de espera pela votação, no Congresso, da medida provisória que trata da taxação de aplicações financeiras, o que fez o dólar fechar o dia praticamente estável ante o real.
O dólar à vista encerrou a sessão em leve baixa de 0,13%, aos R$5,3430. No ano, a divisa acumula baixa de 13,53%.
Às 17h03 na B3 o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil – cedia 0,23%, aos R$5,3645.
A moeda norte-americana registrou altas e baixas ante o real em diferentes momentos da manhã, mas sem força suficiente para manter uma tendência.
A expectativa pela votação da MP no Congresso — considerada essencial para que o governo garanta arrecadação para fechar as contas — reduziu a liquidez no mercado de câmbio e manteve as cotações muito próximas da estabilidade durante a maior parte do dia.
Câmbio
O dólar à vista variou entre a cotação máxima de R$5,3638 (+0,25%), às 9h02, e a mínima de R$5,3298 (-0,38%), às 10h13, para depois oscilar dentro desta margem estreita.
Operador ouvido pela Reuters pontuou que, além da cautela antes da votação da MP, o fato de a divulgação de indicadores econômicos estar congelada nos EUA, em função da paralisação parcial do governo, travava as operações no Brasil.
No exterior, o dólar sustentava ganhos ante o iene e o euro pela terceira sessão consecutiva, em meio ao processo de formação de novos governos no Japão e na França. Às 17h04, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,22%, a 98,849.
No entanto, a moeda norte-americana cedia ante divisas pares do real, como o peso chileno, a lira turca e o peso mexicano.