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O Brasil é um dos países com maior diversidade de abelhas do mundo, abrigando aproximadamente 3.000 espécies, das quais cerca de 300 são abelhas sem ferrão. Essas abelhas desempenham papel fundamental na polinização de mais de 60% das árvores nativas brasileiras e são essenciais para a manutenção da biodiversidade e produção agrícola nacional.
Hoje, 3 de outubro, é o Dia Nacional da Abelha, criado como um momento importante para conscientizar sobre a relevância desses insetos polinizadores para a agricultura, a produção de alimentos, a biodiversidade brasileira e o equilíbrio dos ecossistemas. Dia Mundial das Abelhas é comemorado em 20 de maio, data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
As principais espécies de abelhas encontradas no território brasileiro estão divididas em dois grandes grupos: as abelhas africanizadas (Apis mellifera) e as abelhas nativas sem ferrão (Meliponini).
Os meliponíneos, popularmente chamados de abelhas sem ferrão, abelhas nativas ou abelhas indígenas, pertencem à família Apidae, tribo Meliponini. Apesar do nome, essas abelhas possuem ferrão, mas este é atrofiado e não tem função defensiva.
Os números são impressionantes. Há 244 espécies catalogadas no Brasil, entre as 505 espécies descritas globalmente. Mais de 400 espécies estão na região neotropical. Ou seja, são encontradas em regiões tropicais e subtropicais. As sem ferrão são responsáveis por polinizar mais de 60% das árvores nativas brasileiras, sendo fundamentais para a manutenção dos diferentes biomas do país, especialmente:
Na Amazônia está a maior diversidade de espécies, sendo que na Mata Atlântica há espécies endêmicas e ameaçadas. Para o Cerrado elas são adaptadas a períodos de seca. Vale registrar que a Caatinga é berço o de várias espécies nativas, altamente adaptadas.
As 10 Principais Espécies Brasileiras de Abelhas Sem Ferrão
- Ronaldo_Rosa_Embrapa
Jataí (Tetragonisca angustula)
Nome popular: Jataí, Jataí-amarela
Tamanho: 4-5mm (uma das menores), de cor amarela com listras pretas
Ferrão: Atrofiado (não funcional)
Comportamento: Extremamente dócil e mansa. Ideal para iniciantes na meliponicultura. Fácil manejo e adaptação a caixas racionais. Constrói entrada característica em forma de canudo
Habitat: Presente em todo Brasil. Adaptável a ambientes urbanos. Nidifica em ocos de árvores, muros e edificações
Produção: Mel suave e muito apreciado. Produção moderada (1-2 litros/ano). Própolis de boa qualidade
Importância: Excelente polinizadora de hortas e pomares. Uma das mais criadas no Brasil. Ideal para meliponicultura urbana
- Vanessa Thomaz_Getty
Mandaçaia (Melipona quadrifasciata)
Nome popular: Mandaçaia, Mandaçaia-quadrifasciada
Tamanho: 10-11mm (porte médio), cor preta com listras amarelas no abdômen e aparência robusta.
Comportamento: Dócil e de fácil manejo, colônias populosas e boa produtividade
Habitat: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Mata Atlântica e Cerrado. Prefere regiões de altitude
Produção: Mel de excelente qualidade, com 2-4 litros/ano. Pólen e própolis em boa quantidade.
Importância: Importante polinizadora de culturas agrícolas. Mel muito valorizado no mercado. Espécie muito apreciada por meliponicultores
- Ronaldo_Rosa_Embra
Uruçu-Amarela (Melipona rufiventris)
Nome popular: Uruçu-amarela, Uruçu-do-nordeste
Tamanho: 12-13mm (grande porte), cor preta com abdômen ruivo-amarelado. É robusta e vistosa.
Comportamento: Moderadamente defensiva. Colônias grandes e populosas. Boa adaptação ao manejo.
Habitat: Comum no Nordeste brasileiro. Caatinga e áreas de transição. É resistente a períodos de seca.
Produção: Mel abundante e saboroso.
Produção: 3-6 litros/ano. Alta produtividade entre as nativas.
Importância: Fundamental para polinização da Caatinga. Importante fonte de renda no semiárido. Mel com propriedades medicinais reconhecidas
- TacioPhilip_Getty
Iraí (Nannotrigona testaceicornis)
Nome popular: Iraí, Irapuá-da-terra
Tamanho: 4-5mm (pequena), Cor marrom-amarelada e corpo alongado.
Comportamento: Muito ativa e produtiva. Defensiva quando perturbada. Pode morder se ameaçada.
Habitat: Distribuída por todo Brasil. Altamente adaptável a ambientes urbanos. Nidifica em cavidades pequenas.
Produção: Mel ácido e aromático. Produção: 1-2 litros/ano. Excelente produtora de própolis.
Importância: Ótima polinizadora de hortas. Própolis de alta qualidade.Popular na meliponicultura urbana.
- Embrapa
Mirim (Plebeia sp.)
Nome popular: Mirim, Mirim-preguiça, Mirim-droryana.
Tamanho: 3-5mm (muito pequena), cor variável (marrom, preta, amarelada) e com diversas espécies no gênero.
Comportamento: Extremamente dócil. Fácil manejo. Colônias com população moderada.
Habitat: Várias espécies em diferentes regiões. Adaptável a diversos ambientes. Nidifica em cavidades muito pequenas.
Produção: Mel em pequena quantidade (0,5-1 litro/ano). Altíssima qualidade e valor. Muito procurado por suas propriedades.
Importância: Excelentes polinizadoras. Mel raro e valorizado. Ideal para espaços pequenos.
- Alfribeiro_Getty
Tubuna (Scaptotrigona sp.)
Nome popular: Tubuna, Tubuna-amarela
Tamanho: 6-8mm (porte médio), cor Marrom-amarelada a escura, com diversas espécies no gênero.
Comportamento: Defensivas mas não agressivas. Podem enrolar-se nos cabelos quando perturbadas. Colônias populosas.
Habitat: Amplamente distribuídas no Brasil em diversos ambientes. Elas constroem entrada tubular característica.
Produção: Mel suave e claro, com produção de 2-3 litros/ano, o que é considerado um bom volume para a espécie.
Importância: Boas polinizadoras. Mel de qualidade comercial. Popular entre criadores.
- CC_Agelaia_Divulg
Guaraipo (Melipona bicolor)
Nome popular: Guaraipo, Guarupu, Guaraipo-de-fogo.
Tamanho: 11-12mm (robusta), de cor preta com duas faixas amarelas. Tem padrão bicolor característico.
Comportamento: Dócil e de bom manejo. Colônias estáveis e boa produtividade.
Habitat: Sul e Sudeste do Brasil, Mata Atlântica, Florestas e áreas preservadas.Produção: Mel de alta qualidade, com produção de 2-4 litros/ano. Pólen abundante.
Importância: Excelente para polinização de frutíferas, mel muito apreciado e importante para agricultura familiar.
- 5_ MaEugênia_Ribeiro_Embrapa
Tiúba (Melipona compressipes)
Nome popular: Tiúba, Tiúba-do-amazonas
Tamanho: 11-13mm (grande), de cor preta com listras amarelas. Tem abdome achatado (compressus).
Comportamento: Moderadamente defensiva e suas colônias muito populosas. Boa adaptação ao manejo.
Habitat: Região Amazônica, florestas tropicais úmidas e áreas de várzea.
Produção: Mel muito valorizado com produção de 4-8 litros/ano (alta). É um dos méis mais procurados.
Importância: Culturalmente importante para povos indígenas. Alta produtividade. Mel com propriedades medicinais reconhecidas. Fundamental para polinização amazônica.
- Guilherme Schühli_Embrapa
Borá (Tetragona clavipes)
Nome popular: Borá, Bora-amarela.
Tamanho: 9-11mm (porte grande), de cor preta com marcações amarelas. Tem corpo robusto.
Comportamento: Defensiva mas não perigosa. Pode morder e depositar resinas irritantes. As colônias agressivas quando perturbadas.
Habitat: Ampla distribuição no Brasil. Nidifica em ocos grandes de árvores e tem preferência por florestas.
Produção: Mel escuro e saboroso, com sabor marcante e diferenciado.
Produção: 2-3 litros/ano.
Importância: Mel muito apreciado por conhecedores, boa polinizadora, mas requer manejo mais experiente. - CC_Bruno Henrique Aranda
Manduri (Melipona marginata)
Nome popular: Manduri, Manduri-amarela.
Tamanho: 9-10mm (porte médio), de cor preta com listras amarelas nas margens. Tem aparência elegante.
Comportamento: Dócil e tranquila. Fácil manejo e as colônias são estáveis.
Habitat: Mata Atlântica. Sul e Sudeste do Brasil, principalmente em áreas preservadas e remanescentes florestais.
Produção: Mel suave e claro, e de qualidade excepcional. Produção de 1-3 litros/ano.
Importância: Excelente para polinização de frutíferas nativas. Mel de alto valor comercial. Espécie sensível, indicadora de qualidade ambiental.
Jataí (Tetragonisca angustula)
Nome popular: Jataí, Jataí-amarela
Tamanho: 4-5mm (uma das menores), de cor amarela com listras pretas
Ferrão: Atrofiado (não funcional)
Comportamento: Extremamente dócil e mansa. Ideal para iniciantes na meliponicultura. Fácil manejo e adaptação a caixas racionais. Constrói entrada característica em forma de canudo
Habitat: Presente em todo Brasil. Adaptável a ambientes urbanos. Nidifica em ocos de árvores, muros e edificações
Produção: Mel suave e muito apreciado. Produção moderada (1-2 litros/ano). Própolis de boa qualidade
Importância: Excelente polinizadora de hortas e pomares. Uma das mais criadas no Brasil. Ideal para meliponicultura urbana
As Abelhas Africanizadas (Apis mellifera)
As africanizadas são responsáveis pela maior parte da produção de mel consumido no Brasil e desempenham papel crucial como polinizadoras de diversas culturas agrícolas, incluindo melão, melancia, laranja, maçã, pera, café, girassol, canola, algodão e soja.
A trajetória das Apis mellifera no Brasil é marcante e transformadora. As abelhas europeias foram introduzidas no Brasil em 1839 pelos padres jesuítas para suprir apiários na produção de mel e cera. As subespécies europeias trazidas incluíam principalmente as raças italiana, alemã e caucasiana.
O início da africanização ocorreu em 1956 com abelhas da subespécie africana (Apis mellifera scutellata). Elas foram introduzidas no Brasil com o objetivo de desenvolver um animal mais produtiva e adaptada ao clima tropical. Cruzamentos naturais entre as raças europeias e africanas resultaram na africanizada, híbrido que hoje domina todo o continente americano. Elas se espalharam por praticamente todo o continente americano, entre os paralelos 34°N e 34°S, com exceção do Canadá, norte dos Estados Unidos e extremo sul da América do Sul.
Essas abelhas tem produção de mel, cera, própolis, pólen e geleia real. São ativas durante todo o ano, mesmo no inverno. Estão adaptadas ao clima tropical e subtropical brasileiro e continuam trabalhando em temperaturas mais baixas, ao contrário das europeias puras. Também têm alta resistência a doenças e parasitas, tolerância a condições ambientais adversas, capacidade de adaptação a diferentes ecossistemas e ciclo de vida mais curto que as subespécies europeias. Na reprodução elas têm grande facilidade de enxameação (formação de novas colônias) e rápida recuperação populacional.